Capítulo 45

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~♪Hannah  ~♪

Tamlin aterrissou conosco no cascalho na entrada da propriedade.
Tinha me esquecido de como era silencioso ali.
Como era pequeno. Vazio.

A primavera florescia, o ar era suave, com cheiro de rosas. O cheiro enjoativo de muitas flores, o cheiro que eu não gostava, amava flores mas... Esse cheiro da primaveril era tão junto, que me causava náuseas.

Ainda era lindo, não podia negar isso. Mas ali estavam as portas atrás das quais ele me selara. A janela que esmurrei, tentando sair. Uma linda prisão coberta de rosas e espinhos.

Mas sorri, com a cabeça latejando, e disse, entre as lágrimas.

— Achei que jamais a veria de novo.

Tamlin apenas me encarava, como se não acreditasse muito.

Então falei para enfatizar.

— Achei que fosse ficar naquele lugar escuro, e nunca mais ver a luz do dia, nunca mais ver você, nem Lucien, achei que fosse morrer a cada manipulação. -sussurrei.

Ele estremeceu e sorri internamente.

Ele caiu novamente.

— Também achei que você não veria.

E você nos entregou... entregou cada vida inocente nesta terra por isso. Só para que pudesse me ter de volta. Desgraçado.

Amor, amor era um bálsamo, tanto quanto um veneno.

Mas era amor que queimava em meu peito. Ao lado do laço que o rei de Hybern sequer tocara, porque não sabia quão profundamente precisaria cavar para parti-lo. Para separar Rhysand e eu.

Doera, doera intensamente quando o acordo entre nós acabou, e Rhys tinha feito seu trabalho perfeitamente, o horror era impecável. Sempre fomos tão bons em brincar juntos.
Não duvidei dele, não disse nada além de Sim quando Rhys me levou para o templo na noite anterior e fiz meus votos. A ele, a Velaris, à Corte Noturna.

E agora... uma carícia suave, carinhosa por aquele laço, oculto sob aquele deserto em que estivera o acordo. Lancei um lampejo de sentimento de volta pela linha, desejando poder tocá-lo, segurá-lo, rir com Rhys.

Mas mantive esses pensamentos longe da expressão do rosto. Tudo exceto alívio silencioso, conforme me inclinei na direção de Tamlin, suspirando.

— Parece... parece que parte foi um sonho, ou um pesadelo. Mas... Mas eu lembrava de você. E quando o vi lá hoje, comecei a arranhar, a lutar contra aquilo, porque sabia que podia ser minha única chance e...

— Como se libertou do controle dele? — perguntou Lucien, inexpressivo, atrás de nós.

Tamlin deu um grunhido de aviso a Lucien. E eu quase fiz o mesmo.

Marina Ruy Barbosa, não acabe com meu teatro, só estou aqui por causa de você.

Eu até tinha me esquecido de que ele estava ali. O parceiro de minha irmã. A Mãe, decidi, tinha mesmo senso de humor.

— Eu queria, não sei como. Só queria me libertar, queria voltar para Tamlin, então, consegui.

Nós nos encaramos, mas Tamlin acariciou meu ombro com o polegar.

— Você... você está ferida?.

Tentei não fervilhar de ódio e não lhe dar um soco.

Sabia o que ele queria dizer. E a ideia de que Rhysand faria algo assim com alguém...

— Eu... eu não sei — gaguejei. — Eu não... não lembro dessas coisas, apenas, da tortura mental.

O olho de metal de Lucien se semicerrou, como se ele pudesse sentir a mentira.

Corte de Sonhos e EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora