Capítulo 22

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~♪Hannah  ~♪

Disparei para a banheira, me limpando o mais rápido possível; depois, corri para pegar as roupas da Corte Noturna que tinham sido deixadas para mim. Meus movimentos eram distraídos, cada um, uma tentativa frágil de evitar pensar no que acontecera, no... no que Tamlin tentara fazer e tinha feito, no que eu tinha feito comigo.

Quando voltei para o átrio principal, Rhys estava recostado contra uma pilastra de pedra da lua, limpando as unhas. Ele apenas disse.

— Você demorou 15 minutos. — Antes de estender a mão.

Não tive qualquer vontade de sequer tentar fingir que me importava com a provocação antes de sermos engolidos pelo rugido da escuridão.

Vento e noite e estrelas passaram em disparada conforme Rhys nos atravessou pelo mundo, e os calos de sua mão roçaram contra os meus, que se suavizavam, antes...

Antes que a luz do sol, não das estrelas, me recebesse. Ao semicerrar os olhos para a claridade, me vi de pé no que sem dúvida era o vestíbulo da casa de alguém.

O tapete vermelho ornamentado acolchoou o único passo que dei, cambaleante, para longe de Rhys a fim de observar as paredes quentes com painel de madeira, as obras de arte, a escada reta e ampla de carvalho adiante.
De cada lado havia dois cômodos, à esquerda, uma sala de estar com uma lareira de mármore preto, muita mobília confortável e elegante, mas gasta, e prateleiras de livros embutidas em todas as paredes. À direita, uma sala de jantar com uma mesa longa de cerejeira, grande o bastante para dez pessoas, pequena em comparação com a sala de jantar da mansão.

No fim do corredor estreito adiante havia mais algumas portas, e ele terminava com uma que presumi dar para uma cozinha. Uma moradia urbana.
Certa vez, visitara uma, quando era criança e meu pai me levou em viagem para a maior cidade em nosso território: pertencia a um cliente fantasticamente abastado e tinha cheiro de café e naftalina. Um lugar bonito, mas pomposo; formal.
Essa casa... essa casa era um lar que fora habitado e aproveitado e querido.
E ficava em uma cidade.

Velaris.

Meu coração se aqueceu.

— Nuala e Cerridwen estão aqui — disse ele, interpretando meu olhar pelo corredor atrás de nós. — Mas, fora isso, seremos apenas nós dois.

Fiquei tensa. Não que as coisas fossem diferentes na própria Corte Noturna, mas... Fico difícil de ser controlada perto dele.

Rhysand abriu a boca, mas então as silhuetas de dois corpos altos e fortes surgiram do outro lado do vidro embaçado da porta da frente. Um deles bateu com o punho.

— Rápido, seu preguiçoso — vociferou uma voz masculina grave na antecâmara além da porta.

Exaustão tinha me entorpecido tanto que não me importava muito que havia asas despontando das duas formas sombreadas.

Rhys nem mesmo piscou na direção da porta.

— Duas coisas, Hannah, querida.

As batidas continuaram, seguidas pelo segundo macho murmurando para o companheiro:

— Se vai começar uma briga com ele, faça depois do café. — Aquela voz... como sombras que tomaram forma, sombria e suave e... fria.

— Não fui eu quem me expulsou da cama agora há pouco para voar até aqui — disse o primeiro. Então, acrescentou: — Enxerido.

Cassian e Azriel.

Eu podia jurar que um sorriso repuxou os cantos da boca de Rhys e em mim também conforme ele prosseguiu.

Corte de Sonhos e EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora