Capítulo 3

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~♪Hannah ~♪

O frio estava intenso, mas o casaco e a capa impediam que boa parte dele me transformasse em um picolé.

Eu bufei assim como a égua branca fazendo nuves de ar frio saírem.

A égua encarou levemente a besta que andava em passos decididos.

— eu sei, também o acho um idiota. -murmurei para a égua me deitando sob a mesma.

Ela soltou um baixo relincho como uma risada da piada e a besta me encarou feio.

— que foi? Tenho liberdade de expressão, vou lhe xingar a vontade. -falei.

— está muito corajosa para quem está do lado da morte. -disse ele.

— até agora não vi ela, só você. -rebati fingindo olhar para os lados.

Ele rosnou seguindo em frente.

Eu suspirei e estremeci, dois meses de vida, era o que eu tinha, era o que eu usaria para salvar um mundo, pelo menos terei feito algo bom da minha vida.

Engoli em seco mas quando a besta se virou para mim eu mantive minha postura firme, não vou deixar ele achar que isso tudo me intimida, não mesmo.

— você tem algum nome?. -perguntei quase rindo da pergunta.

— e isso lhe interessa? Humana. -ele disse.

— se eu perguntei é porque sim, feérico. -falei a última parte com o mesmo deboche que ele disse , humana.

Um rosnado irritado saiu dele e eu imitei sua carranca de raiva quando ele virou as costas.

Algo forte bateu em mim e eu sabia o que era, era a magia feérica, ele iria me fazer dormir e arrancar as armas de mim, oh mas não vai mesmo.

Tapei o nariz para me impedir de inalar aquele cheiro forte que chegava a arder minhas narinas.

"Você terá poderes naquele mundo, para que não fique desprotegida".

E que poderes são esses? Mestre dos magos.

Eu levei a capa para ajudar a esconder meu rosto daquela magia, a fera me olhou de esguelha como se dissesse que eu não conseguiria resistir e que eu dormiria, mas eu não faria aquilo.

— se tenho poderes, eles cairiam muito bem agora. -sussurrei tão baixo que o vento cortou minha voz.

Por baixo da capa uma pequena luz cintilou, uma pequena luz dançou ao meu redor e entrou dentro de mim antes que a fera visse. Senti meu corpo esquentar, e o cheiro não me fazia nem cócegas, meus olhos não pesavam mais diante da magia de Tamlin.

Fingi estar bocejando e me aconcheguei mais a égua, vendo a besta me encarar satisfeita.

A égua parou e fechei minimamente meus olhos, encarando a besta mudar de forma até um feérico de muita beleza surgir, foda-se, ainda tenho ódio dele.

Ele se aproximou de mim, e levou as mãos próximas ao meu corpo para examinar o bracelete, eu agarrei seu pulso com firmeza.

— pro seu bem aconselho que não toque em mim. -rosnei o vendo com um olhar surpreso.

Apertei mais ainda seu pulso para demonstrar que eu não estava brincando, e eu não estava.

— pensei que estivesse a dormir. -disse ele confuso.

— pensou errado, a noite é uma criança, e se acha que vou dormir para que você consiga fazer o que quiser comigo, está enganado. -falei firme.

Corte de Sonhos e EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora