Capítulo 14

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~♪Hannah  ~♪

Não preciso dizer que vomitei muitas vezes naquele dia.
Tinha acabado de beliscar o jantar quente, que surgira momentos antes, quando a porta rangeu e um rosto de raposa dourado surgiu, com um olho de metal semicerrado.

— Merda — falou Lucien. — Está congelando aqui.

Sim, mas eu estava enjoada demais para reparar. Manter a cabeça erguida era um esforço, e manter a comida dentro de mim, um esforço ainda maior.

Lucien soltou o manto e colocou-o em volta de meus ombros. O calor pesado passou para mim.

— Olhe só para tudo isso — disse Lucien, encarando a tinta em mim. Ainda bem que estava toda intacta, exceto por alguns pontos na cintura.

— Desgraçado.

— O que aconteceu? —fingi não saber de nada, pois eu lembrava bem, muito bem.

Lucien se afastou.

— Não acho que queira saber.

Observei os poucos borrões na minha cintura, marcas que pareciam indicar que mãos tinham me segurado, e como.

— Quem fez isso comigo? — perguntei baixinho, meus olhos seguindo o arco da tinta manchada.

— Quem você acha?.

— Ele... Tamlin viu isso?. -fingi voz de choro.

Lucien assentiu.

— Rhys só estava fazendo isso para provocá-lo.

— E funcionou? — Eu fugia não conseguir encarar Lucien.

Sabia de tudo que havia acontecido, tudo.

— Não — falou Lucien, e dei um sorriso triste.

— O que... o que eu fiz o tempo todo? —fingi medo.

Lucien deu um suspiro forte e passou a mão pelos cabelos ruivos.

— Rhys obrigou você a dançar para ele durante a maior parte da noite. E, quando não estava dançando, estava sentada no colo dele.

Menino aquilo foi top, melhor rolê da vida.

— Que tipo de dança?. -insisti fingindo assombro.

— Não o tipo executada com Tamlin no Solstício — respondeu Lucien, e obriguei meu rosto a esquentar.

— Diante de todos?.

— Sim — respondeu Lucien, mais gentilmente do que eu já o ouvira falar comigo antes.

Lucien suspirou e pegou meu braço esquerdo, examinando a tatuagem.

— Em que estava pensando? Não sabia que eu viria assim que possível?.

Puxei o braço.

— Eu estava morrendo! Com febre, mal conseguia ficar consciente! Como podia adivinhar que viria? Que sequer entendia quão rapidamente humanos podem morrer desse tipo de coisa? Você me disse que hesitou daquela vez com os naga.

— Fiz um juramento a Tamlin...

— Não tive escolha! Lucien! Eu já estou morrendo desde que cheguei aqui, morrer antes de libertar vocês não era uma opção!. -rosnei.

Ele bufou encarando a tatuagem em meu braço.

— Não tive escolha — falei, de novo, respirando com dificuldade.

— Não entende o que Rhys é?.

— Entendo! — disparei, e depois suspirei. — Entendo — repeti baixinho.

Corte de Sonhos e EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora