~♪Hannah ~♪
Eu estava esfregando o chão, com a água suja e marrom que aquelas desgraças me deram, eles se divertiam as minhas custas.
— Se não estiver limpo e brilhante na hora do jantar — dissera um deles, com os dentes estalando enquanto sorria —, vamos amarrá-la ao espeto e virar você algumas vezes sobre a fogueira.
Deixa só até a mãe do Lucien chegar, aí vocês vão ver, pestes.
Continuei a esfregar os vendo ir embora, sumindo de minha vista.
Depois de um tempo esfregando sem sucesso, eu vi uma porta se abrir e uma cabeça ruiva passar, não era Lucien...
Ela parecia talvez um pouco mais velha que Amarantha, mas a pele de porcelana tinha uma cor exótica, agraciada com um leve rosado nas bochechas.
Se o cabelo ruivo não fosse indicativo o suficiente, quando os olhos vermelhos encontraram os meus, soube quem era.Fiz uma reverência com a cabeça para a senhora da Corte Outonal, e ela devolveu uma leve inclinação com o queixo. Imaginei que fosse honra o suficiente.
— Por dar a ela seu nome no lugar da vida de meu filho — disse ela, a voz doce, como maçãs aquecidas pelo sol.
Devia estar na multidão naquele dia. Ela apontou para o balde com a mão longa e esguia.
— Minha dívida está paga.
A senhora desapareceu pela porta que tinha aberto, e eu podia jurar que tinha sentido o cheiro de castanhas assadas e fogueiras crepitantes logo atrás.
Mas enfim mulher, e o chifre que tu pôs em Beron? Tô louca pra ouvir esse babado.
Somente depois que a porta se fechou, percebi que deveria ter agradecido a ela, e apenas depois que olhei para o balde percebi que eu escondia o braço esquerdo atrás do corpo.
Eu me ajoelhei ao lado do balde e mergulhei os dedos na água. Eles saíram limpos.
Estremeci, me permitindo um momento para abraçar os joelhos antes de jogar um pouco de água no chão, e a observei lavar a sujeira.
Para tristeza dos guardas, eu havia completado a tarefa impossível. Mas, no dia seguinte, sorriram para mim quando me jogaram em um quarto imenso e escuro, iluminado apenas por algumas velas, e apontaram para a lareira alta.
— A criada derramou lentilhas nas cinzas — grunhiu um dos guardas, jogando um balde de madeira para mim. — Limpe antes que o ocupante volte, ou ele vai arrancar sua pele tira por tira.
A porta bateu, ouvi o clique da tranca, e estava sozinha.
No quarto do grão-senhor da corte noturna.
Separar lentilha de cinzas e brasas , ridículo, um desperdício e... Eu me aproximei da lareira apagada e estremeci.
Impossível.Mas comecei a catar lentilha por lentilha, eu queria algo que me distraísse da minha ansiedade que de segundo e segundo, batia nas portas da minha mente. Sentei em posição de índio de frente para a lareira, e comecei a colher as lentilhas, era impossível, porém.... Estava me distraindo...
Catei as cinzas diversas vezes. Minhas mãos estavam agora pretas e manchadas, as roupas cobertas de fuligem. Certamente não haveria mais,
certamente...O relógio emitiu um tique.
Escuridão entrou no quarto, fazendo as velas tremeluzirem com uma brisa beijada pela neve. Suspirei continuando a catar as lentilhas, mesmo quando a escuridão profunda se apoiou na cama e assumiu uma forma familiar.
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Corte de Sonhos e Estrelas
FantasyE se a história de Rhysand fosse diferente?? e se não fosse Feyre? fosse outra pessoa... e se fosse uma humana de outro mundo? uma fã sua? e se ela fosse uma garota brasileira, maluca pela saga?. Hannah, uma patinadora exemplar, uma artista de mãos...