Capítulo 24

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~♪Hannah  ~♪

Eu estava assustada, inquieta, encarando o entalhador de ossos, encarando ele.

Em sua forma, apenas... Diferente do que Feyre havia dito.

Eu consegui vê-lo, um menino de mais ou menos oito ou nove anos, de pele bronzeada, cabelos negros, os lábios como os meus e... Os olhos me fizeram prender a respiração.

Seus olhos, diferentes, o olho direito era o mais belo dos violetas e o esquerdo o mais bruto e corajoso dos Dourados, como se tivessem pingado ouro derretido em suas íris.

Era o nosso filho, o que eu e Rhysand ainda teríamos tempo para plenejar, para fazê-lo, modá-lo, era o nosso filho ali.

O entalhador pegou o osso que Rhysand tinha levado para ele e sopesou o objeto naquelas mãos infantis.

— Vou entalhar sua morte aqui, Hannah.

Mais e mais para cima na escuridão nós seguimos, pela pedra dormente e os monstros que viviam dentro dela. Por fim, falei para Rhys.

— O que você viu?.

— Você primeiro.

— Um menino, por volta de 8 anos; cabelos pretos, olhos.. um olho violeta e outro.. dourado.

Rhys estremeceu; o gesto mais humano que eu o vira fazer.

— O que você viu? — insisti.

— Jurian — falou Rhys. — Ele tinha exatamente a mesma aparência de Jurian da última vez que o vi: enfrentando Amarantha quando lutaram até a morte.

Não queria saber como o Entalhador de Ossos sabia sobre quem tínhamos ido perguntar.

Apenas queria sair daquela prisão que parecia ansiosa em me engolir dentro de uma de suas milhares de celas.

Apenas sair, respirar, respirar.

E quando voltamos para casa, todos debateram sob o que o Entalhador de ossos falou.

— Com suas habilidades, Hannah, você pode conseguir encontrar a metade do Livro na Corte Estival e quebrar os feitiços que a cercam. Mas não vou confiar na palavra do Entalhador, ou levar você até lá sem testá-la primeiro. Para que nos certifiquemos de que, quando for sério, quando precisarmos daquele livro, você, nós não falharemos.
Então, vamos fazer outra pequena viagem. Para ver se é capaz de encontrar um objeto valioso, que perdi há um tempo considerável.

— Merda! — xingou Mor, enfiando as mãos nas dobras espessas do suéter.

— Onde? — Consegui dizer, sabendo onde eu iria, quem eu iria enfrentar.

Foi Azriel quem respondeu.

— Para a Tecelã.

Rhys estendeu a mão quando Cassian abriu a boca.

— O teste — disse ele — será para ver se Hannah consegue identificar meu objeto no tesouro da Tecelã. Quando chegarmos à Corte Estival, Tarquin pode ter enfeitiçado a parte dele do Livro para parecer diferente, passar uma sensação diferente.

— Pelo Caldeirão, Rhys — disparou Mor, colocando os dois pés no tapete. — Ficou maluco...?

— Quem é a Tecelã? — insisti fingindo não saber de nada.

— Uma criatura antiga e cruel — explicou Azriel, e verifiquei as leves cicatrizes em suas asas, no pescoço, e me perguntei quantas criaturas como aquela Azriel teria encontrado na vida imortal. Se eram piores que as pessoas que compartilhavam laços de sangue com ele. — Que deve permanecer imperturbada — acrescentou o mestre-espião na direção de Rhys. — Encontre outra forma de testar as habilidades de Hannah.

Corte de Sonhos e EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora