Capítulo 16

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~♪Hannah  ~♪

Para minha última tarefa, recebi de volta as minhas roupas de couro preto, mantive o queixo erguido conforme fui escoltada para o salão do trono.

As portas se abriram, e o silêncio no salão me atingiu. Esperei as provocações e os gritos, esperei ver ouro reluzir conforme os espectadores faziam as apostas, mas, dessa vez, os feéricos apenas me encararam, os mascarados particularmente atentos.

Seu mundo estava sobre meus ombros, dissera Rhys. Mas não achei que fosse apenas preocupação estampada em seus rostos. Precisei engolir em seco quando alguns dos feéricos levaram os dedos aos lábios e depois estenderam as mãos para mim, era um gesto para os caídos, um adeus aos mortos honoráveis.

Não havia malícia naquilo. A maioria daqueles feéricos pertencia às cortes dos Grão-Senhores... tinham pertencido àquelas cortes muito antes de Amarantha lhes tomar as terras, as vidas. E, se Tamlin e Rhysand estavam fazendo joguetes para nos manter vivos...
Segui pelo caminho que eles tinham liberado... direto até Amarantha.

A rainha sorriu quando parei ao lado do trono. Tamlin ocupava o lugar de sempre, ao lado dela, mas eu não olharia para ele, cansei.

— Duas tarefas você já deixou para trás — disse Amarantha, limpando um grão de poeira do vestido vermelho-sangue.

Os cabelos pretos brilhavam, numa escuridão reluzente que ameaçava engolir sua coroa dourada.

— E falta apenas uma. Imagino se será pior fracassar agora, quando você está tão perto. — Ela fez um biquinho, e ambas esperamos as gargalhadas dos feéricos.

Mas apenas poucas gargalhadas soaram dos guardas de pele vermelha. Todo o resto permaneceu em silêncio. Até mesmo os irmãos desprezíveis de Lucien. Até mesmo Rhysand, onde quer que estivesse em meio à multidão.

Pisquei para limpar os olhos ardentes. Talvez, como com Rhysand, os juramentos de lealdade dos feéricos, as apostas em minha vida e seu comportamento desprezível tivesse sido um espetáculo.

Eu sentia aquela sensação da doença, batendo nas paredes de fogo, querendo chegar ao meu coração, mas me mantive erguida diante da dor.

E talvez agora, agora que o fim estava próximo, também enfrentariam minha potencial morte com qualquer que fosse a dignidade que lhes restava.

Amarantha olhou para o público com raiva, mas quando seu olhar recaiu sobre mim, ela deu um sorriso largo, amável.

— Alguma palavra antes de morrer?.

Pensei em uma infinidade de xingamentos, mas no fim, procurei com o olhar, vasculhando toda a sala sem me mover, até parar nos olhos violetas de Rhysand.

E pelo laço do acordo, consegui enviar as simples palavras.

A lua estará linda hoje.

E em uma língua antiga, dizer aquilo significava "eu te amo".

Ele piscou várias vezes me encarando, atônito e surpreso.

Encarei Tamlin, tentando fingir amor a ele, coisa que eu não sentia, e outra, que aquele não era Tamlin, era o Attor disfarçado.

E foi apenas aquilo, o olhar de Lucien cruzou com o meu e eu me despedi apenas com aquele olhar.

Amarantha falou, com meiguice.

— Terá sorte, minha cara, se sequer sobrar o bastante de você para queimar.

Eu a encarei seriamente por um bom tempo, com ódio enchendo o peito. Mas as palavras de Amarantha não foram recebidas com provocações ou sorrisos ou aplausos da multidão. Apenas silêncio.

Corte de Sonhos e EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora