Capítulo 35

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~♪Hannah ~♪

Acordei aquecida, descansada e calma.
Segura.
Luz do sol entrava pela janela imunda, iluminando os vermelhos e os dourados da muralha de asa diante de mim; onde ficara a noite inteira, me protegendo do frio.

Os braços de Rhysand me envolviam, sua respiração era profunda e constante. E eu sabia que era igualmente raro que ele dormisse tão profundamente, tão pacificamente.
O que tínhamos feito na noite anterior...

Com cuidado, eu me virei para olhar para Rhys, seus braços me apertaram de leve, como se para evitar que eu sumisse com a névoa da manhã.

Os olhos de Rhys estavam abertos quando aninhei a cabeça contra seu braço. Dentro do abrigo da asa de Rhys, nós nos observamos.

E percebi que podia muito bem me contentar em fazer exatamente aquilo para sempre.
Eu disse, baixinho.

- Por que fez aquele acordo comigo? Por que exigir uma semana de mim todo mês? Se você já sabia..

Os olhos violeta de Rhys estremeceram.

E não ousei admitir o que esperava em resposta, mas não era.

- Porque queria me impor perante Amarantha; porque queria irritar Tamlin, e precisava mantê-la viva de uma forma que não fosse vista como piedosa.

- Ah.

Sua boca se contraiu.

- Sabe... sabe que não há nada que eu não faria por meu povo, por minha família.

E eu era um peão naquele jogo.

- sei. -murmurei baixinho.

A asa de Rhys se fechou, e pisquei diante da luz aguada.

- Banho ou não? - disse ele.
Eu me encolhi diante da lembrança do banheiro sujo e fétido no andar abaixo.

Usá-lo para atender minhas necessidades já seria bem ruim.

- Prefiro me banhar em um córrego - falei, afastando a sensação de pesar em meu estômago.

Rhys soltou uma risada baixa e rolou para fora da cama.

- Então, vamos sair daqui.

Por um segundo, me perguntei se teria sonhado tudo que tinha acontecido na noite anterior. Pela leve e agradável dormência entre minhas pernas, eu sabia que não tinha, mas...

Talvez fosse mais fácil fingir que nada tinha acontecido.
A alternativa poderia ser mais do que eu podia suportar.
Voamos durante a maior parte do dia, para bem longe, próximo de onde as estepes da floresta se erguiam para encontrar as montanhas Illyrianas. Não falamos da noite anterior, mal falamos.

Outra clareira. Outro dia brincando com meu poder. Conjurar asas, atravessar, fogo e gelo e água e... agora, vento.

O vento e as brisas que ondulavam pelos amplos vales e campos de trigo da Corte Diurna, e que depois sopravam a neve que cobria os picos mais altos destes.

Eu conseguia sentir as palavras subindo por ele conforme as horas se passaram. Eu o pegava me olhando sempre que eu fazia uma pausa, flagrava Rhys abrindo a boca... e depois fechando-a.

Choveu em um momento, e então ficou mais e mais frio com o tempo nublado.
Ainda não tínhamos ficado na floresta depois do anoitecer, e me perguntei que tipo de criaturas poderia espreitar por ali.

O sol de fato descia quando Rhys me colocou nos braços e decolou.
Havia apenas o vento, e o calor dele, e o estrondo das poderosas asas.

- O que foi? - arrisquei.
A atenção de Rhys permanecia nos pinheiros escuros que passavam.

Corte de Sonhos e EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora