Capítulo 79

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Há um ano e um dia essa fic estava sendo postada pela primeira vez. Aqui vamos nós de novo.

O Sol mais cruel do ano estava se pondo vagarosamente no horizonte, e um silêncio apático imperava entre as casonas simétricas e quadradas da Rua dos Alfenerios. Os carros, normalmente brilhantes, jazia empoeirados em frente as garagens, e os gramados, quase sempre verdes, estavam ressecados e amarelados – pois o uso de mangueira foi proibido durante a estiagem. Assim, desprovidos de suas atividades, os moradores se esconderam embaixo das frescas sombras de suas casas, as janelas bem abertas na esperança de uma brisa inexistente. O único que estava do lado de fora era um adolescente, que estava sentado em um banco enquanto cuidava das flores de um pequeno canteiro.

Ele era magro, cabelos negros brilhantes, aparência delicada e meio refinada, mas ainda um pouco doentia, como de alguém que cresceu muito em pouco tempo. Seu jeans estava meio amassado e um pouco sujo, mas a camisa o cobria bem ajustada. Os tênis eram velhos, um pouco desgastados e sujos de terra, e de aparência invocada por água em toda sua existência. A aparência de Harry Potter não agradava muito os vizinhos – que eram do tipo de que sujeira deveria ser crime –, mas não importava, pois ele estava escondido atrás de alguns arbustos pequenos. De fato, só o veriam se tia Petúnia ou tio Válter colocassem a cabeça para fora da janela e a baixassem o olhar diretamente para ele.

Harry se achava particularmente genial pela sua ideia de se abaixar para cuidar das flores. Talvez não estivesse muito confortável por ter que se curvar para mexer nas plantas, mas era melhor do que ter que lidar com ranger de dentes alto o bastante para impedi-lo de ouvir o noticiário, ou lidar com perguntas incomodas como as feitas toda vez que se sentava na sala para ver o noticiário da noite com os tios.

Quase como se tais pensamentos tivessem entrado pela janela aberta, repentinamente Válter Dursley, o tio de Harry, falou:

—Fico contente de ver que o garoto parou de se meter aqui. Por falar nisso, onde será que ele anda?

—Não sei – respondeu tia Petúnia, desinteressada. – Aqui em casa não está.

O tio grunhiu.

Assistir ao noticiário... – comentou com severidade. – Gostaria de saber o que é que ele está realmente aprontando. Como se um garoto normal se interessasse por noticiário; Duda não tem a mínima ideia do que está acontecendo; duvido que saiba quem é o primeiro-ministro! Em todo o caso, não há nada sobre gente da laia dele no nosso noticiário...

—Válter, psiu! – alertou tia Petúnia. – A janela está aberta!

—Ah... é... desculpe, querida.

Os Dursley se calaram. Harry ouviu o anúncio de um cereal com frutas para o café da manhã enquanto observava por rabo de olho a Sra. Figg, uma velhota gagá que adorava gatos e morava ali no bairro, na alameda das Glicínias, que ia passando vagarosamente. Ela franzia a testa e resmungava baixinho. Harry ficou muito feliz de estar escondido atrás do arbusto, porque ultimamente a velhota dera para convidá-lo para tomar chá todas as vezes que o encontrava na rua. Ela acabara de virar a esquina e desaparecer de vista quando a voz do tio Válter tornou a soar pela janela aberta.

—O Dudoca vai tomar chá fora?

—Na casa dos Polkiss – respondeu tia Petúnia com carinho. – Ele tem tantos amiguinhos, é tão popular...

Harry mal conseguiu abafar o riso. Os Dursley eram espantosamente burros quando se tratava do filho. Engoliam todas as mentiras capengas de Duda de que estava tomando chá com alguém da turma a cada noite das férias. Harry sabia perfeitamente bem que o primo não estivera tomando chá em parte alguma; ele e sua turma passavam as noites vandalizando o parque infantil, fumando nas esquinas e atirando pedras nos carros e crianças que passavam. Harry os vira durante seus passeios noturnos por Little Whinging; ele próprio agora vagava de noite por aí, apreciando o silêncio e a calma. Fora a Londres apenas uma vez, para cumprimentar Gertrude e alguns velhos amigos.

Nem sempre a melhor escolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora