Três dias infernais se passaram desde que Harry acordou após aquele sonho que o fez se levantar às quatro da manhã. Não conseguia dormir direito; cada sonho, cada maldito sonho, se transformava naquele sonho, naquele dia ensolarado cheio de decorações e cheiros de comidas. Harry não conseguia dormir direito; se dormisse por quatro horas já era muito.
Olheiras surgiram embaixo de seus olhos, mas conseguia escondê-las usando um glamour. Não queria que seus amigos as vissem.
Os dias continuaram; ele não dormia mais. Na quarta noite, quando o sonho ficou pior, ele parou de dormir. Isso o deixou muito instável; seu temperamento estava tão ruim que ele tinha que se segurar para não bater em ninguém. Acabou sendo chamado por Moody, que pareceu notar seu estado.
-O que há, Potter? – o professor rosnou. – Você está usando um glamour, posso ver isso claramente. – falou, com o olho azul encarando fixamente Harry.
-Estou com insônia, professor, apenas isso. Não quero que vejam as olheiras. – Harry disse, com a voz seca. Estava evitando falar também; não dormir estava o deixando rouco, pois o sono se misturava com cada ação sua.
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O sol estava em seu auge no céu, esquentando toda Londres no meio dia. Era possível se ver pessoas ofegantes caminhando pelas ruas de Mitcham, ou aproveitando a umidade das árvores e as sombras delas em Crystal Palace Park. Contudo, nem mesmo o mais quente momento do dia parecia afetar Streatham.
As pessoas iam de um canto para o outro no bairro, passando por inúmeras barraquinhas montadas e indo em diferentes casas bem enfeitadas na fachada e provavelmente no interior. Forte cheiro de vinho, cerveja e outras coisas circundavam o bairro inteiro. Na rua, em um espaço preparado, se podia ver vários pedaços de carne assando sobre fogueiras espetadas em grandes vergalhões de metal. As gorduras, em seu estado líquido, pingava na carne no fogo, fazendo-o chiar e crescer mais ou pouco muito avermelhado.
As crianças corriam soltas pelo bairro; os mais jovens se divertiam brincando juntos de pega-pega ou outra coisa que exigia grupo, mas outra parte se divertia nos jogos montados ao longo de todo o complexo fechado de casas. Havia tiro ao alvo, pega maçãs, corridas de três pernas, corrida normal...
A garotada mais velha, os adolescentes, eram os mais desanimados; muitos tinham expressões entediadas no meio de toda aquela festa. Um ou outro participava de brincadeiras, mas em sua maioria só ficavam observando seus pequenos irmãozinhos e irmãzinhas para não se machucarem ou se perderem. Haviam também alguns grupos de adolescentes em alguns cantos, se divertindo sozinhos à sua maneira. Alguns jogavam cartas, e bebiam bebidas distribuídas (muito ilegalmente) pelos alemães e italianos.
Os adultos, por sua vez, organizavam tudo. No menor sinal de alguma decoração caindo eles iam em grupo imediatamente para consertar. Vigiavam as crianças também, e davam procissão aos jogos, a comida e as bebidas. Os alemães recebiam muitos olhares censuradores quando eram vistos dando cerveja para adolescentes, bem como os italianos. Gertrude, a primeira a dar bebida para os mais jovens, parecia nem perceber os olhares, devido o quão ocupada ela estava. A mulher se disponibilizou para organizar a festa naquele dia, então, era, de longe, a com mais trabalho.
Harry se divertira muito nos jogos, e acabava de voltar, meio zonzo, de uma competição que participou no lado dos alemães; se a polícia o pegasse, provavelmente seria enviado para um centro de acompanhamento infantil. Meio cambaleante, andou até a barraca de Gertrude, se sentando junto a Gema e Irma, as irmãs de Gertrude. Gema, a mais próxima, o encarou carinhosamente.
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Nem sempre a melhor escolha
FanficNo dia 31 de outubro de 1981 algo sublime ocorreu: o Lorde das Trevas, Voldemort, caiu perante Adrien Potter. Isso, contudo, não acabou com os problemas; os Comensais da Morte que ainda existiam e eram fiéis a Voldemort atacaram constantemente os...