Capítulo 30

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-Você ainda quer ser meu amigo? – Tommy perguntou para Harry.

Cada um estava sentado num daqueles velhos balanços no playground da praça Edward Charlton, próximo ao Orfanato Sanders. As correntes que seguravam os assentos estavam bem enferrujadas, assim como a estrutura que as segurava. A grama ao redor já atingia metade da canela de uma criança.

Tommy (ou Tom, como parece ser mais adequado agora) estava no banco do lado direito. Estava em sua forma adolescente, muito bonita. Ele encarava Harry; havia um pouco de temor no rosto dele.

-Você me fez companhia todos esses anos – Harry murmurou. Estava usando uma roupa com cores escuras, e parecia ser de época, assim como as de Tom. – Como poderia não querer continuar?

Um sorriso cresceu no rosto de Tom. Ele parecia aliviado, e eles ficaram ali, sentados e se balançando.

Conversaram durante um bom tempo; para Harry, foram semanas. Para o resto das pessoas, uma noite.

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Harry estava, atualmente, deitado em sua cama no menor quarto da casa número quatro da rua dos Alfeneiros, realizando sua atividade de história da magia. Estava tendo que fazer uma redação sobre a época medieval, e riscava partes de seu exemplar de História da Magia, de Batida Bagshot.

A caneta pousou no alto de um parágrafo que pareceu a Harry promissor. Ele empurrou os óculos redondos para a ponte do nariz, aproximou a lanterna do livro e leu:

Os que não são bruxos (mais comumente conhecidos pelo nome de trouxas) tinham muito medo da magia na época medieval, mas não tinham muita capacidade para reconhecê-la. Nas raras ocasiões em que apanhavam um bruxo ou uma bruxa de verdade, a sentença de queimá-los na fogueira não produzia o menor efeito. O bruxo, ou bruxa, executava um Feitiço para Congelar Chamas e depois fingia gritar de dor, enquanto sentia uma cocegazinha suave e prazerosa. De fato, Wendelin a Esquisita gostava tanto de ser queimada na fogueira que se deixou apanhar nada menos que quarenta e sete vezes, sob vários disfarces.

Harry mergulhou a ponta de sua pena no pote de tinta ao seu lado e começou a escrever em seu pergaminho um resumo do que lera.

Poderia fazer a atividade em outro momento, mas não queria; a noite para ele era um momento mais agradável, com o frio lhe cobrindo (aquele quarto não era muito mais quente que o armário em baixo da escada) e com as estrelas brilhando no seu quase que de veludo que via através da janela de seu quarto.

Tentara fazer com que Tom lhe ajudasse, como já lhe ajudou várias vezes enquanto estudava na escola trouxa. O garoto (se é que se pode chamar assim) lhe ensinava enquanto dormia. Ele era muito inteligente, mesmo que tivesse a aparência de uma criança de nove anos (embora, aparentemente, tenha mais de sessenta).

Riddle se negou a ajudá-lo; ele lhe ajudava antes pois o garoto não tinha mais ninguém, mas não serviria de muleta com agora ele tendo vários livros para consultar. Harry fez bico, mas Tom disse que isso não funcionava nele.

Ele repôs a tampa do tinteiro; puxou uma fronha velha debaixo da cama; guardou dentro a lanterna, História da magia, a redação, a caneta e a tinta; levantou-se da cama e escondeu tudo sob uma tábua solta do soalho debaixo da cama. Então ficou em pé, se espreguiçou e verificou a hora no despertador luminoso sobre a mesa de cabeceira.

Era uma hora da manhã. Harry sentiu uma contração engraçada na barriga. Fizera treze anos de idade havia uma hora e não tinha se dado conta disso.

Nem sempre a melhor escolhaOnde histórias criam vida. Descubra agora