¬ INÚTIL ¬ [+18]

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Acordo com umas cólicas horríveis no meu ventre, e me ergo da cama e quando viro a minha cabeça, reparo na mancha de sangue nos lençóis, e eu sei bem o que está a acontecer. Começo a tremer e em pânico, e agarro o celular e faço a chamada.

- Alana? - a voz dele é o gatilho que me faltava para que o choro comece, e eu soluço quase sem conseguir falar.

- Damiano, por favor.

- Alana, o que se passa? - a voz dele denúncia o pânico.

- Vem aqui por favor. Rápido. - falo entre vários soluços.

- Eu vou já.

Desligo a chamada e me enrolo sobre o meu corpo, pois as dores continuam, e eu sinto como se o meu útero fosse ser arrancado. Ouço batidas na porta, e com muito esforço eu consigo a abrir. O vejo, e ele me agarra nos braços, olhando para as minhas calças e depois para a cama, e os seus olhos se abrem mais e ele muda as feições, e me abraça forte. Eu choro junto ao seu peito, sentindo ele abraçar as minhas costas.

- Vai ficar tudo bem belíssima. Vamos no hospital.

Eu aceno, e ele inclina a minha face, passando os seus polegares na minha cara secando as minhas lágrimas.

- Eu vou deixar Angel com Vic e Leo.

Eu volto a acenar e ele beija a minha testa, saindo e eu pego na minha bolsa e no celular, sentindo as lágrimas descerem novamente. Mal ele volta, nós descemos até ao hall e apanhamos um táxi indo até ao hospital mais próximo do hotel. Eu agarro o corpo de Damiano, chorando ainda mais.

Mal passamos as urgências, depois de Damiano explicar, pois a minha voz está completamente sumida, eu sou colocada numa maca e levada para fazer exames. Olho o teto, quando é feita uma ecografia, no consultório do médico de serviço, e sinto Damiano apertar a minha mão.

- É, pelo que foi nos dito, pelo seu estado. - o médico fala e eu sinto o coração acelerar. - Você sofreu um aborto espontâneo.

Um grito de dor sai dos meus lábios, e eu só sinto além da dor que me corroi, os lábios de Damiano na minha testa. Ouço o médico sair, e o choro aumenta e Damiano me abraça.

- Não foi sua culpa belíssima. - ele sussurra baixo, mas eu quase não escuto por conta do choro.

- Eu sou uma inútil Damiano, eu não faço nada bem, nem este bebé eu consegui manter. - os soluços se misturam com a minha voz.

- Shh, a culpa não é sua. - ele me faz o encarar e eu choro ainda mais.

- Eu preciso. - soluço. - Eu preciso de contar para o Michele.

Damiano acena e passa a bolsa para mim e eu continuo em lágrimas, e pego o celular de dentro da mesma, e ligo em vídeo chamada. Mal ele atende, eu baixo a face, chorando ainda mais.

- O que aconteceu? - Michele fala e eu soluço mais alto. - Alana, me fala.

- Eu perdi o nosso filho. - meio que sai um lamento agudo dos meus lábios, e eu sinto cada pedaço de mim morrer. - Me desculpa Michele.

- Desculpa do que? - noto e vejo que a sua face mudou para choro.

- Você fez este bebé com tanto amor, e eu o perdi. - mais soluços altos saem. - Eu sou uma inútil Michele, eu realmente sou.

- Para com isso, não teve culpa de nada, para Alana.

- Eu sou inútil, eu sou. - choro mais ainda.

¬ POV DAMIANO ¬

Toda aquela situação está a me deixar nervoso, triste e em pânico, pois o estado dela é um simples rastilho para que ela deixe que a sua saúde mental morra de novo. Puxo o celular da sua mão, e saio da sala.

¬ EUROVISION ¬ Damiano David ¬CONCLUÍDA ¬Onde histórias criam vida. Descubra agora