Anahí ainda estava em choque com o acontecido. Mesmo minutos depois, depois de ter tomado muita água com açúcar, depois de checar mil e quinhentas vezes que estava tudo bem com Alfonso e Gabriel, mesmo depois de estarem a quilômetros de distância, ela ainda tremia, suas mãos suavam, e seu coração batia desesperado, como se tudo aquilo tivesse acabado de acontecer.
Tudo o que sentia, de certa forma era uma novidade. Estava mais do que acostumada a estar exposta a uma situação de risco, e essa, tinha a abalado mais do que o normal.
Mas nunca, em todo seu tempo como policial, ninguém além dela mesma estava em risco ou sob ameaça. E a ideia de perder todos os que amam, fazia com que ela tivesse vontade de abrir o peito e se colocar a frente de uma arma por qualquer um deles.
E pela primeira vez na vida cogitou a ideia de matar, um por um dos que estivessem atrás daquela ameaça.
Mataria sem dó nem piedade, a pessoa que foi capaz de colocar a vida do seu filho sob a mira de uma arma.
– Ei – Se ajoelhou ao lado da cama de Gabriel, onde Anahí ainda estava deitada agarrada a ele – Gabe já dormiu – Anahí virou o rosto, olhando para Gabriel – Vem aqui, vamos conversar um pouco.
Anahí: Eu já vou – Olhou para a mão de Alfonso, logo a dispensando – Me deixe ficar mais um pouco aqui com ele, quero ter certeza de que está tudo bem.
Alfonso: Está tudo bem, amor – Suspirou, olhando-a preocupado – Ele está bem, não precisa se preocupar com isso – Sorriu com ternura – Mas fique o tempo que precisar, ok? Eu estarei na sala, te esperando.
Anahí: Obrigada – Agradeceu, sorrindo fraco ao receber um beijo de Alfonso.
Ainda ficou ali, abraçada a Gabriel e velando o sono dele por mais algumas horas. Aproveitou aquele tempo para pensar. Fez uma lista mental de todas as operações na qual estava envolvida, tentando se lembrar de um por um dos que já tiveram a audácia de atormentar a sua vida.
A lista era imensa, durante seus longos anos de carreira, muitos esquemas foram desmontados por ela, assim como assassinatos resolvidos, muitos homens e mulheres cumpriram longos anos de cadeia por causa dela.
Parecia que girava, girava, girava e não conseguia sair do lugar. A cabeça estava estourando, a mente exausta de tanto pensar sem chegar a lugar algum, e o braço doendo com o peso do corpo de Gabriel.
Com todo cuidado, puxou o braço até que estivesse totalmente livre do peso dele, a sensação de dormência incomodava, só não era pior do que a sensação de inutilidade. Era assim que ela se sentia naquele momento, incapaz de cuidar dos seus.
Nunca teve medo em toda a sua vida, mas como havia dito a si mesma, agora ela tinha muito o que perder.
– Não – A voz manhosa de Gabriel, a fez parar o movimento que fazia pra se levantar – Fica aqui comigo, mãe.
Anahí: Sim, querido – Sorriu com ternura, mesmo o vendo de olhos fechados – Eu estou aqui, pode voltar a dormir, ok? – Acariciou os cabelos dele – Está tudo bem.
A última frase era mais para se convencer do que qualquer outra coisa, mas dessa vez, ela estava longe de se aquietar, de acreditar que estava mesmo tudo bem.
Levou mais alguns minutos até que Gabriel voltasse a dormir completamente, e que ela finalmente conseguisse sair da cama dele.
Caminhou ainda pensativa até a sala vendo Alfonso sentado sobre o sofá, as pernas cruzadas sobre sua mesa de centro e um livro em frente ao rosto. Estava de óculos e totalmente concentrado, o que a fez lembrar do nerd todo destrambelhado que conheceu há meses atrás.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lawless love
FanfictionSegredos do passado vindo à tona, a paz que se levou anos para ser conquistada se esvaindo e a necessidade de justiça pulsando sobre a própria pele, unindo assim, dois corações em busca de um mesmo objetivo.