Assunto Delicado (FINALIZADA!)

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(Maiara)

Maraisa saiu pra fora do quarto, conversou alguma coisa com o Fernando e foi embora, assim que ela sumiu de perto, ele veio na minha direção.

A cada passo que ele dava, uma lágrima caía e um soluço saía, eu não sabia o que era pior, ter que falar a verdade, ou ter que ver ele indo embora brigado comigo.

Continuei do jeitinho que eu tava, sentada com as pernas encostadas no meu peito e com a cabeça baixa olhando as lágrimas caírem no meu joelho.

-Maiara... - ele falou, e só no tom de voz dava pra ver a raiva que ele tava sentindo.

-Não precisa perder seu tempo falando, eu já sei o que você quer saber, e eu vou te contar tudo, desde o começo. Eu só preciso que cê me escute, só isso. - falei e ele continuava lá olhando pro chão com raiva.

-Tá. - respirei fundo e tomei coragem pra começar a contar.

-Naquela época que eu descobri que o Lucas me traía, eu também descobri outra coisa, descobri que tava grávida dele. Não contei pra ninguém sobre a gravidez, até porque eu tava puta de raiva, e queria esquecer que eu já tinha sido feita de trouxa um dia. Num momento de desespero, eu achei uma saída pra me livrar do meu passado, pelo menos eu achava que ia me livrar, eu fui numa clínica e... - senti minha garganta ficar seca e as palavras sumiram.

-O que tu fez? - Fernando perguntou já impaciente com a minha demora.

-Eu abortei o bebê. - respondi baixinho.

-Que? Eu não acredito que você fez uma coisa dessas! Como cê teve coragem de tirar a vida de um bebê? - nessa hora eu me senti mais culpada ainda.

-Eu tava desesperada! Eu não sabia o que fazer! Eu não pensei, eu simplesmente fui lá e fiz! Eu não tinha ninguém pra me ajudar!

-Como não tinha ninguém? Porra Maiara! Eu podia ter te ajudado! Se tu quisesse eu ia assumir essa criança como minha! Iria ser nosso filho! Consegue entender isso? A gente ia ser uma família! - ele praticamente gritou.

-Eu não queria te envolver nos meus problemas! Eu queria tentar resolver sozinha! Eu sabia que você iria assumir a paternidade da criança, e eu não queria que cê se sentisse na obrigação de cuidar de um filho que não era seu! Eu não quis te incluir na minha burrada! Eu fiz isso por você! - falei e deixei as lágrimas caírem.

-Fez isso por mim? Ah tá! Cê sabe muito bem que eu sempre gostei muito de você, sempre! E eu nunca ia me sentir obrigado a fazer isso! Eu faria com o maior prazer do mundo! Mas não! Cê preferiu abortar, porque era a solução mais fácil! E agora vem falar que fez isso por mim? Sabe o que tu deveria ter feito por mim? Deveria ter me deixado ser pai do nosso filho!

Só consegui esconder meu rosto com as minhas mãos, eu tava morrendo de medo dele, mas a pior sensação não é o medo, é a culpa. Porque o medo, o choro, a dor passam, mas a culpa fica pra sempre...

Confesso que eu chorei...