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(Maiara)

-Caralho, cada coisa que acontece comigo, sou azarado mesmo viu! - Fernando começou a resmungar sozinho 

-Cala a boca, por favor! - pedi tentando manter a calma pra não meter a mão no meio da cara dele.

-Faz um favorzinho pra mim amor, senta no banco de trás enquanto eu desligo o carro. - ele falou e eu obedeci.

-Tá já sentei.

-Obrigado, agora deixa eu ver uma coisa... - ele ficou na minha frente, puxou meu vestido pra cima e tirou minha calcinha.

-Meu Deus tá doendo muito! - segurei com mais força a garrafa de água que tava na minha mão.

-Realmente não dá pra esperar nem um minuto, daqui eu já consigo perceber que seu corpo tá pronto pras meninas nascerem. - olhei pra ele preocupada.

-O que a gente vai fazer agora? - perguntei desesperada.

-A gente vai ter que fazer o parto aqui mesmo...

-Tá brincando né?! Como nós dois vamo dar conta de fazer o parto aqui no carro?! Só me diz, como?!

-A gente dá um jeito.

-Você tá ficando louco Fernando?! Desde quando cê é médico? - praticamente gritei.

-Eu não sou médico, mas eu já tive duas filhas e nenhuma das duas foi cesárea.

-Isso não quer dizer nada! Eu não vou fazer o parto aqui!

-A gente não tem opção Maiara, ou faz aqui, ou corre o risco de perder as meninas, e aí qual tu quer? - ele perguntou e eu não tive escolha.

-Tá bom... - dei outro grito de dor, porque a contração veio ainda mais forte.

-Puta que pariu, lá vou eu virar médico, nunca imaginei isso na vida. - se fosse em outra hora eu ia morrer de rir com ele, mas agora eu só consigo sentir dor.

Sei lá quanto tempo o Fernando ficou digitando no celular em silêncio, só sei que eu já tava começando a ficar desesperada com a demora dele, e as dores não me ajudavam muito.

-Se tu demorar muito, elas vão nascer comigo nessa posição! - gritei pra ver se ele se tocava.

-Calma vida, tô pedindo ajuda pra sua médica, deixa só ela terminar de explicar como eu vou fazer, que eu já vou!

-Anda logo!

Depois de terminar de falar com a doutora, ele veio finalmente me socorrer. Ele fez tudo que ela mandou, pediu pra eu ficar deitada naquela posição e falou pra eu fazer força.

-Agora depende de você, cê que tem que fazer força pra elas nascerem, tá bom? - ele pegou na minha mão.

-Eu tô com medo... - falei.

-Eu também tô, mas a gente tem que fazer isso, pelas nossas princesinhas. Então respira, calma, olha aqui pra mim! - Fernando puxou meu rosto - Respira devagar, e lembra eu tô aqui do seu lado, não vou sair daqui! - ele olhou pra mim com aquele olhar que me passa toda a tranquilidade do mundo.

-Tá bom...

-Pode ir.

Respirei fundo, me acalmei e comecei a forçar pra elas saírem, tentei uma... Duas... Três... Quatro vezes e nada, continuei apertando a mão dele, mas parecia que eu não tinha mais força.

-Eu não consigo... - disse e desabei a chorar.

-Consegue sim! Tu é forte, guerreira, e tem determinação, então tenta de novo!

-Eu realmente não consigo...

-Amor, pra eu te ajudar, você tem que se ajudar primeiro, vamo tentar de novo? - ele perguntou.

-Vou tentar...

Juntei todas as forças que tinha em mim, e até as que não tinham e fiz um esforço inexplicável, até que eu ouvi um chorinho, suspirei aliviada, mas não relaxei, porque são duas né?

-Uma já foi, mas ainda falta uma, você consegue vida!

E de novo, comecei a fazer força e mais força, tava quase desistindo, quando eu ouvi outra pessoinha chorando, dessa vez eu relaxei de verdade e abri um sorriso.

Ufa, complicado aqui hein! Mas o importante é que as princesinhas nasceram!


Assunto Delicado (FINALIZADA!)Onde histórias criam vida. Descubra agora