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(Fernando)

-Não sei se tá tudo bem, tá escorrendo sangue! - ela falou e eu comecei a olhar direito, realmente tava saindo muito sangue.

-Tá doendo?

-Não, mas tá ardendo muito. - peguei ela no colo, coloquei minha jaqueta nela (porque o desgraçado deixou ela sem roupa) e fui pro carro.

Nem sei em quantos semáforos vermelhos eu passei, mas quando vierem as multas eu vou descobrir. Assim que eu entrei no hospital, uma equipe médica veio correndo e pegou ela do meu colo.

Só entreguei minha mulher nas mãos deles, e sentei na cadeira da recepção, minha roupa tava toda suja de sangue, e o meu rosto tava começando a sangrar e doer por causa dos socos que eu levei.

Não dá pra saber o que eu tô sentindo no momento, apenas senti as lágrimas escorrendo na minha bochecha e abaixei a cabeça pra chorar. Pensar que eu poderia ter evitado tudo isso.

Eu poderia ter mandado ele embora e nada disso teria acontecido, mas não, eu escolhi deixar a Maiara quebrar a cara, e agora ela tá lá na porra da emergência do hospital, com risco de perder as nossas filhas.

Eu poderia ter proibido ele de ficar mais algumas horas pra terminar de pintar a parede, mas não, eu aceitei numa boa, mesmo sabendo da possibilidade dela chegar hoje em casa.

Eu nem sei quanto tempo ela ficou lá dentro, só sei que eu fiquei chorando o tempo todo e me sentindo culpado. Eu até poderia culpar ela, mas eu sei que a culpa também é minha.

-Acompanhante da Maiara Carla? - uma enfermeira chamou e eu finalmente levantei o rosto.

-Eu! - fui na direção dela.

-Bom, a paciente já tá melhor, e a doutora quer conversar com vocês dois.

-Tá bom. - segui a enfermeira até o quarto e assim que eu entrei, encontrei ela deitada na cama chorando, ver aquela cena partiu meu coração todinho.

-Amor... - ela chamou baixinho.

-Oi meu bem... Calma! Não precisa chorar, tá bom? - sentei na cama e beijei a testa dela.

-Nossas filhas tão bem? Elas ainda tão vivas? - ela perguntou olhando pra mim.

-Eu não sei vida, ainda não me falaram nada.

-Licença... Desculpa interromper, mas eu sou a doutora Andreia, e vim dar os dados clínicos da paciente. Então nós fizemos uma avaliação e aparentemente ela sofreu um corte na região íntima foi isso que causou o sangramento, mas ainda não dá pra saber o tamanho do corte, até porque ainda está sangrando bastante. E sobre os bebês...

-O que aconteceu com meus bebês? - segurei a mão dela mais forte.

-Não aconteceu nada, eles estão super bem e saudáveis, precisamos fazer um ultrassom pra ter certeza, mas aparentemente não teve nenhum tipo de dano a eles. Porém, sobre você, nós vamos esperar o sangue dar uma diminuída e iremos te examinar novamente. - respirei aliviado, pelo menos nossas filhas estão bem.

-Graças a Deus nossas menininhas tão bem... - passei a mão na barriga dela.

-Mas eu gostaria de saber uma coisa, o que exatamente foi a causa desse corte? - Maiara olhou pra mim como se tivesse pedindo ajuda, então eu resolvi falar por ela.

-Um idiota abusou dela. - respondi e deixei ela chorar em mim.

-Meu Deus! E vocês já fizeram o boletim de ocorrência?

-Não, ainda não.

-Vou ver se consigo um policial de plantão pra fazer isso pra vocês... Sinto muito por um casal tão bonito igual vocês dois tenham que passar por isso... - a doutora deu um sorriso fraco.

-Obrigada, eu também sinto por ela ter que passar por essa situação. - abracei minha namorada mais forte e deixei algumas lágrimas caírem.

Tadinha da Mai... Mas pelo menos os babys estão bem e fortes!


Assunto Delicado (FINALIZADA!)Onde histórias criam vida. Descubra agora