𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝑼𝒎

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Lorella


HÁ SILÊNCIO NO SALÃO.

Um silêncio que nunca ouvi antes. Um silêncio questionador, inquieto. Como o silêncio ansioso antes de um trovão ou de uma tempestade.

Consigo sentir o cheiro de jasmim e brasas vindo da minha frente, e sei que esse cheiro de fogo adocicado provavelmente vem de quem está sentada no trono: Aelin Ashryver Whitethorn-Galathynius, a rainha de Terrasen.

Eu também detecto um segundo cheiro, de pinho e neve — o cheiro de Terrasen —, vindo de alguém ao lado direito do trono, junto do próprio cheiro de Aelin entrelaçado ao macho: Rowan Whitethorn-Galathynius, o parceiro e consorte de Aelin.

Já o terceiro feérico está ao lado esquerdo de sua rainha, e seu cheiro é interessante. Como a brisa do mar junto do vento da mais doce noite estrelada, com um toque de fumaça. É... novo. Estranho. E me deixa inquieta, curiosa. Mas, de qualquer forma, eu não ergo o rosto. Não os encaro. Eu me nego a isso.

A mão imensa de Vaughan se apoia em meu ombro e ele me empurra para baixo, acertando a parte de trás do meu joelho com a ponta de seu pé, fracamente. Entretanto, isso é o suficiente para fazer com que eu me ajoelhe perante Aelin. Eu não protesto. Me curvo sobre minha barriga, quase encostando a testa no segundo degrau à minha frente.

Um pigarro de interesse e uma leve diversão vem da rainha antes de ela dizer:

— Bom, Vaughan, acho que você pegou nossa mais famosa ladra dos últimos meses — sua voz é arrogante e sarcástica. E, mesmo que odeie a posição em que estou, não consigo esconder o sorriso ácido que eu loucamente gostaria que a rainha visse. — Tenho que informar Dorian de que enfim capturamos a Bela das Estradas.

Aperto os dedos em volta das algemas de ferro e trinco os dentes, tirando o sorriso do rosto quando ouço o veneno na voz da rainha ao dizer a forma como fiquei conhecida, infelizmente, nos últimos meses. Então, de repente, sinto-me desesperada para ir embora. Para sair do salão. Eu sei que não estou sozinha e outra pessoa precisa de mim — mesmo que a garota seja mais traiçoeira do que eu, com aqueles olhinhos pretos espertos e um sorriso falsamente doce, ela ainda precisa de mim para sobreviver dos homens cruéis e velhos que poderiam colocar as mãos nela e jogarem-na em um bordel qualquer. Ou vendê-la ao mercado ilegal de outros reinos.

Coloco meus braços entre minhas pernas e, lentamente, começo a arranhar os grilhões, tentando não fazer com que percebam o que estou fazendo.

E se Aelin dizer ao rei de Adarlan que finalmente me pegou... ele provavelmente reivindicaria minha prisão para si. Pelo o que causei ao seu reino antes de deixá-lo ao lado de Flora.

— Será que ela consegue me entender? — a rainha caçoa, divagando. Noto a barra da saia de seu vestido verde quando Aelin se mexe no trono, e afundo os punhos mais fundo entre minhas pernas. Unhas se quebram e começam a sangrar lentamente. — Por que não ergue a cabeça e me deixa ver seu lindo rostinho? Dizem que você é uma beleza de se ver.

Silêncio. Continuo arranhando e tentando encontrar uma forma de me livrar das algemas e correr para fora do castelo, me encontrar com Flora e implorar à um capitão que nos leve para Antica — um lugar pacífico e onde eu e Flora seríamos livres e desconhecidas —, nem que eu tenha que colocar uma adaga na garganta dele por isso.

✓𝑹𝑬𝑪𝑳𝑨𝑰𝑴𝑬𝑹 | (𝘛𝘖𝘎) - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora