𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝑽𝒊𝒏𝒕𝒆 𝒆 𝑼𝒎

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Lorella


— ALGUMAS MODIFICAÇÕES FORAM FEITAS, É CLARO —  A VOZ DE AELIN SAIA DE FORMA ESBAFORIDA PELOS SEUS LÁBIOS, E SEUS OLHOS ESTAVAM ILUMINADOS COM UMA EMOÇÃO CONTAGIANTE E GENUÍNA CONFORME ELA ME OLHAVA. —  MAS NO GERAL É A MESMA COISA. ESPERO QUE GOSTE.

Eu iria gostar. Não tinha como não gostar do traje que Aelin me presenteou. Ergui um pouco mais para fora da grande caixa de presente a roupa preta de corpo inteiro — justa, espessa e flexível como couro, mas sem brilhos ou o sufocamento do tecido grudento. Sob o restante da vestimenta e ainda dentro da caixa havia um par de botas lustrosas, de couro escuro, flexível e maleável.

Segurando a gola com uma das mãos, ergui a pesada manga da roupa, sendo uma surpresa quando é revelado as manoplas embutidas que ocultavam espadas finas e cruéis sob o tecido, tão longas quanto meu antebraço.

Olhei para Aelin em completo choque conforme ela me informava a localidade de cada faca que eu poderia acionar com um mínimo e correto movimento do meu corpo. A rainha passou os trinta minutos seguintes me dizendo como cada arma era acionada e como eu deveria realizar para que isso acontecesse. Ela pegou um pé das botas que estava dentro da caixa e, girando o calçado de forma rápida para o lado, fez com que uma adaga se lançasse para fora de seu esconderijo na ponta da botina, me mostrando mais uma arma com que eu estaria munida para realizar minha missão em Ilium.

Quando ela terminou de me explicar como tudo funcionava, Aelin me olhou com um sorriso contido, observando minha inércia perante um traje tão avançado e definitivamente caro como esse.

— Você... tem certeza que não quer ficar? — pergunto em voz baixa, retraindo a espada fina da manopla na manga do traje. — Isso deve ter sido muito caro. E foi seu em uma época da sua vida, você querendo ou não.

— Uma época da minha vida que eu não sabia quem eu era de verdade — os olhos da rainha fitaram o traje com uma mistura de emoções muito fortes e pesadas. Seus olhos dourados com turquesa observaram a roupa de forma triste, raivosa e vingativa, como se ela estivesse vendo cenas e pessoas sobre o tecido. — Além do mais, essa roupa me traz memórias ruins. Você me fará um favor se usá-la — ela ergueu seu olhar para mim e abriu um pequeno sorriso. — E, por mais que eu ainda odeie a pessoa que me deu essa roupa, mesmo ele já estando morto há anos, sei que você ficará segura com ela. Ela nunca me falhou.

— Se é isso o que você deseja, então eu fico com a roupa.

A rainha acenou, alargando um pouco mais seu sorriso quando puxou o restante da roupa para fora da caixa sem muito cuidado e a estendeu na minha direção.

— Eu te ajudo a vestir.

Soltando um suspiro e dizendo a mim mesma que eu podia fazer isso, abaixei o traje de volta na caixa lentamente e comecei a me despir. Aelin fez o que pode para tentar desviar o olhar da minha cicatriz em meu antebraço, mas seus olhos curiosos não conseguiram se manter afastados da marca em minha pele, causada pela vez em que Erawan enfiou uma pedra de Wyrd em mim. Eu tentei não reparar no tremor que passou pelo corpo da rainha assim que ela observou minha marca, ou como ela começou a acariciar a cicatriz esbranquiçada que ela tinha em um de seus antebraços assim como eu — quando ela mesma enfiou as três pedras dentro de si a fim de enviar os deuses para fora do nosso mundo.

Estando nua, comecei a vestir a roupa com a ajuda de Aelin. O material macio e escorregadio sussurrando pela minha pele conforme eu o puxava suavemente para cima, com o intuito de me cobrir inteira. Assim que Aelin me ensinou a fechar os zíperes nas laterais do meu corpo — modificação feita por ela mesma, a fim de agilizar a vestimenta —, agitei meu corpo com cuidado, testando como ele ficava em minha pele e com a cautela de não acionar aquelas lâminas ocultas e letais.

✓𝑹𝑬𝑪𝑳𝑨𝑰𝑴𝑬𝑹 | (𝘛𝘖𝘎) - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora