𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝑻𝒓𝒊𝒏𝒕𝒂

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Lorella


NO EXATO INSTANTE EM QUE A CABEÇA DE FENRYS PENDEU PARA O LADO, LEMBRO-ME DE TER GRITADO.

De ter gritado alto, forte, com meu peito explodindo em medo e pavor do que poderia estar acontecendo. Do que já poderia ter acontecido.

Com os olhos lacrimejantes e nublados pelas lágrimas, levei dois dedos até seu pescoço e conferi seus batimentos cardíacos. Havia pulsação ali, mesmo que uma coisa fraca e lenta. Só para ter certeza, fiz a mesma coisa com o latejar em seu pulso, conferindo. Como antes, uma fraca palpitação mostrava que Fenrys estava vivo, mas talvez não por muito tempo.

Como se houvesse escutado meu grito ou por qualquer outro motivo que tenha sido, eu poderia agradecer aos deuses quando vi Vaughan planar sobre nós em sua forma animal e aparecer na minha frente depois de seu corpo ter brilhado levemente, se transformando no corpo feérico conhecido. E, por mais que uma parte minha ainda esteja fervendo de ódio pelo o que ele fez a mim mais cedo, não consigo controlar meu medo e terror de perder Fenrys nos meus braços, por isso me vi suplicando:

— Me ajude! — disse, erguendo o rosto para encarar Vaughan. — Ajude-o!

— O que aconteceu aqui? — sua voz parecia distante, como se não estivesse acreditando no cenário à nossa volta.

— A comandante... ela fugiu — digo rápido, tentando ajeitar Fenrys em meus braços. — Fenrys tentou impedir, mas eles estavam em maior número.

— Ele está vivo? — perguntou relutantemente, como se estivesse com medo da resposta.

— É claro que ele está vivo! — brandei, exibindo os dentes a ele. — Mas não vai permanecer assim se você continuar com seus questionários idiotas!

— O que pretende que eu faça? — Vaughan abriu os braços, um brilho de desespero cintilando em seus olhos. — Não é como se eu pudesse carregá-lo e sair voando com ele por aí.

— Espero que me ajude! — gritei de volta, apertando o corpo de Fenrys contra o meu. — Espero que me ajude a salvá-lo. É isso o que ele faria por você, mesmo que você não mereça tal misericórdia, seu cretino!

Algo se apaga nos olhos de Vaughan, e uma sombra obscura e severa toma conta daqueles olhos inescrupulosos.

— Se você tiver alguma ideia — ele diz, inalterado. —, a hora de dizer é essa.

Aos prantos, sentindo meu peito doer com a forma de como, a cada respiração, o peito de Fenrys parecia falhar, olho ao redor a procura de alguma coisa. Giro minha cabeça de um lado a outro, rezando para que os deuses, mesmo que não mais existam nesse mundo, olhem por mim. Ou que deuses de outros mundos me deem uma ajuda, uma benção em forma de transporte para que eu possa levá-lo até uma curandeira.

E, como se finalmente alguém estivesse olhando por mim, talvez comovido ou com pena da minha situação, vejo uma carroça parada perto de onde Arthemis fugiu. A carroça parecia velha, e estava parcialmente coberta por um lençol branco, porém tão sujo que parecia ser cinza. As rodas de madeira estavam gastas e com a falta de alguns pregos, mas seria o suficiente para que eu pudesse tirar Fenrys daqui.

Ergo um braço e aponto para a carroça, sentindo meu corpo tremer.

— Ali, aquilo vai nos ajudar a movê-lo até a cidade — digo, e Vaughan segue meu olhar. — Traga até aqui.

Vaughan corre até o coche e o arrasta até mim, empurrando com extrema dificuldade. Ele me ajuda a erguer Fenrys do chão e, cuidadosamente, pousa o corpo inconsciente do lobo sobre a superfície da carroça. Assim que o corpo de Fenrys é posto sobre a madeira, as rodas oscilam, como se fossem se desmontar sob seu peso, mas milagrosamente elas suportam o corpo montanhoso de Fenrys. Abraço uma parte da haste de madeira na frente — que serviria para prender os cavalos e, assim, eles estarem presos a carroça quando estiverem puxando — e Vaughan cuida da outra. Então, juntos, começamos a deslocar o carroção para longe dos corpos mortos e do bairro desabitado que começava a cheirar mal pelo sangue que lavava as ruas.

✓𝑹𝑬𝑪𝑳𝑨𝑰𝑴𝑬𝑹 | (𝘛𝘖𝘎) - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora