𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝑸𝒖𝒂𝒓𝒆𝒏𝒕𝒂 𝒆 𝑶𝒊𝒕𝒐

217 26 28
                                    

・✻・゚・✻・゚゚・✻・゚・✻・゚゚・✻・゚・✻・

Lorella


A CIDADE ESTAVA SILENCIOSA. TÃO SILENCIOSA QUANTO UMA CIDADE FANTASMA — OU UMA TUMBA.

Conseguimos encurtar nossas horas de voo em menos de quarenta minutos graças à travessia de Fenrys — que dormia encostado nos meus ombros.

Não era um Esgotamento, ainda não, já que ele acordava assustado vez ou outra para perguntar se havíamos chegado — mas um esgotamento estava ali, beirando sua sanidade e a minha também. Tive de fazer um esforço descomunal para me manter acordada, lutando para alimentar aqueles últimos resquícios de magia que me deixariam acordada, negando-me a um Esgotamento mesmo que meu corpo implorasse por isso.

Quando Blodreina pousou nos jardins dos fundos, ela e a serpente alada de Tabitha foram até o estábulo — e ordenei à Blodreina que se alimentasse, ainda mais depois de todo o esforço para chegar até aqui. Corremos para dentro do castelo e, se a cidade parecia estar morta, o caos no castelo era uma boa dualidade. A cozinha era uma confusão de água sendo fervida em panelas; criadas correndo com lençóis manchados de sangue e lençóis limpos sendo levados para o quarto onde a rainha estava. Emrys estava no meio do caos, dando ordens e amassando ervas.

Nossa presença fora sentida, então a mudança do ar se alterou totalmente. Yrene nem se preocupou em tentar acalmar os serviçais ou se apresentar educadamente — ela começou a disparar ordens, atribuindo uma atividade para grupos de funcionários. A curandeira prendeu os cabelos e vestiu um avental conforme conversava com Emrys e uma outra curandeira sem magia do castelo.

— Aelin começou a sangrar algumas horas atrás — Sierra surgiu de repente ao nosso lado, com o rosto suado e os olhos arregalados de preocupação. Seu vestido estava manchado de sangue. Ela me abraçou rapidamente e acenou para Fenrys. — Nós a colocamos num dos quartos no andar de cima. É mais perto.

Um uivo de dor dilacerante cortou o caos da cozinha, e por um segundo todos ficaram em silêncio, com olhos marejados, conforme os gritos de dor e angústia de Aelin ecoavam pelo castelo.

Yrene ordenou que todos voltassem a trabalhar. Ela encheu os braços com toalhas, encaixou a alça de um balde de metal com água quente na dobra do cotovelo e acenou para sua bolsa jogada sobre a mesa. Fenrys apanhou a mochila e começamos a segui-la escadas acima com Sierra nos mostrando o quarto onde colocaram Aelin.

— Mas a gravidez feérica não dura dez meses? — Tabitha indagou de sobrancelhas franzidas. — Ela deveria ter pelo menos algumas semanas de sobra.

— Uma gravidez nem sempre segue seu curso premeditado — Yrene respondeu com uma voz taciturna, correndo de dois em dois degraus para alcançar a amiga. — Ainda mais uma gravidez feérica num corpo não Estabilizado.

Merda — Fenrys praguejou. — Eu tinha me esquecido disso.

— Aelin sabia dos riscos de uma gravidez feérica antes de se Estabilizar, eu disse à ela... — Yrene engoliu em seco, absorvendo a culpa que sentia por não ter impedido a amiga de ter continuado com a gravidez. — Eu dei os chás anticoncepcionais à ela, disse os riscos e mesmo assim...

— Mas Aelin é a Aelin — Fenrys completou, tentando acalmar a curandeira. Tê-la nervosa num momento como esse não seria nada útil. — Você sabe como ela é teimosa. Depois que coloca uma coisa na cabeça, nada e nem ninguém é capaz de fazê-la mudar de ideia.

Dobrando as escadas, Fenrys arregalou os olhos e deixei um murmúrio de tristeza sair por meus lábios quando o cheiro de sangue encheu o corredor.

— Quando ela começou a sangrar eu tentei estabilizar o sangramento — Sierra informou com a voz trêmula e lágrimas nos olhos. — Mas eu não sou habilidosa como você, Lady Westfall, então não sei se eu realmente...

✓𝑹𝑬𝑪𝑳𝑨𝑰𝑴𝑬𝑹 | (𝘛𝘖𝘎) - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora