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ELE ESTAVA SONHANDO. E SONHANDO COM ELA — COMO ERA DESDE QUE A CONHECEU.
Como sempre sonhou ser.
O macho sorriu antes de abrir os olhos. Sorriu quando sentiu seu cheiro. O cheiro dela era viciante para ele, mais viciante do que ópio e mais forte do que todas as flores que a rainha possuía em seu jardim privado. Era dela para que ele apreciasse, cheiro de rosa branca, vento e cedro. Cheiro de lar. Seu lar.
Espreguiçando-se, ele se deu conta de que ela não estava na cama ao seu lado. O lençol já estava frio quando deslizou as mãos sobre o tecido — mas seu cheiro ainda estava ali, estava pelo quarto todo. Preenchia o ar ao seu redor e era difícil raciocinar quando ela estava perto, tão perto, e mesmo assim parecia que nada nunca seria o suficiente para que ela estivesse perto o bastante. Ele queria fundir seu coração ao dela para que sempre estivessem juntos. Faria o impossível por ela.
Droga, seria capaz de entregar a lua num barbante à ela. Arrancaria o próprio coração e daria à ela se pedisse. Faria de tudo por ela. Sempre — porque ele era dela e sabia que ela era dele.
O guerreiro saiu sob os edredons e vestiu o corpo nu com roupas comuns, calçando as botas sem amarrá-las. Não a encontrou na sala de banho ou na sala de vestir, então deduziu que já estivesse na cozinha ou com as irmãs no quarto onde foram colocadas depois da morte da caçula.
A dor dela... o massacrou. Ouvi-la chorar todas as noites desde a morte da garota o arruinava, o destruiu, mas ele ficou com ela. Em todas as noites de choro ele estava ali. Ele não podia fazer muito, então o que fez foi abraçá-la e segurá-la nos braços até que seu choro diminuísse e ela adormecesse, exausta de tanto sofrimento e culpa. Deuses, ele queria ser capaz de arrancar a culpa dela. Fazê-la entender que nada daquilo era culpa dela. Entregaria a cabeça daquele desgraçado e da filha mais velha em uma bandeja de prata à ela.
Ele nunca mais a machucaria. Nunca mais seria o culpado por fazê-la chorar, ele garantiria isso.
O castelo ainda estava dormindo, o céu ainda estava clareando com os primeiros raios de sol quando ele caminhava pelo corredor, seguindo seu cheiro até o quarto das irmãs.
Um grito odioso o fez correr até lá, esperando encontrar uma delas tão absorta na dor de perder a caçula que tenha causado algum inconveniente.
Mas não foi isso o que ele encontrou. E, quando olhou para a mais velha delas ajoelhada no chão, chorando com tanto desespero enquanto segurava uma carta, parte dele soube.
Ele tentou controlar a respiração e o choro quando apertou a maçaneta e sussurrou, para ninguém em especial:
— Onde ela está?
Sua resposta foi um grito ainda mais doloroso saindo pela garganta da mais velha. As outras estavam de pé ao redor da irmã, chorando em silêncio com olhares vazios. A fêmea se curvou no chão, encostando a testa no tapete, então socou o chão e começou a gritar — um som profundo, excruciante e lastimoso. Seus punhos sangraram, sua voz falhou, mas ela não parou de gritar. Não parou de socar e socar e socar até seus dedos se quebrarem quando vociferou:
— OUTRA IRMÃ! ELE ME TOMOU OUTRA IRMÃ! MINHA IRMÃ!
Os pés dele o levaram até o bilhete caído ao lado de uma mecha de cabelo branca manchada de sangue. Ele tomou a carta e a abriu, reconhecendo a letra no papel. Seu coração parou. Ele parou de ouvir as súplicas da mulher. Não foi capaz de ouvir quando sua melhor amiga e rainha entrou no quarto ainda enlaçando o laço de seu robe. O rei a seguia, e a rainha bruxa — e ele não absorveu nada em volta quando seus olhos começaram a ler o que havia na carta.
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✓𝑹𝑬𝑪𝑳𝑨𝑰𝑴𝑬𝑹 | (𝘛𝘖𝘎) - FINALIZADA
FanfictionLorella sabia que monstros existiam, e que eles não eram apenas valgs. Monstros, para ela, eram pessoas. Humanos, bruxas e feéricos, ela não via diferença quando tudo o que conheceu fora brutalidade e crueldade. Trancafiada desde criança pela falsa...