𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝑽𝒊𝒏𝒕𝒆 𝒆 𝑺𝒆𝒊𝒔

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Lorella


— PARA QUÊ ISSO SERVE?

— Proteção — Fenrys respondeu, concentrado no desenho que ele estava traçando em meu pulso, sob a manga do meu traje. — E vai ocultar o seu cheiro.

— Isso seria útil para você, não? — perguntei, erguendo uma sobrancelha. Sem me olhar, o lobo ergueu um braço e me mostrou o mesmo desenho pintado em sua pele com a tinta vermelha que ele conseguiu de última hora com a dona da casa de chá na estrada.

— Você também precisa disso. Se a comandante dele for uma feérica, como suponhamos que ela seja, ela pode sentir o seu cheiro híbrido a metros de distância — ele explicou, fazendo um circulo envolta da marca de Wyrd que Aelin havia o ensinado há alguns anos. — E eu o fiz em mim porque quero evitar ser reconhecido.

— Vaughan o fez?

— Não — falou, inclinando o rosto e avaliando a marca em meu pulso. — Ele não quis.

— E não é perigoso?

— Vaughan mal sai do castelo e, quando o faz, sempre está em sua forma animal. Muitas poucas pessoas poderiam reconhecê-lo. Menos ainda sendo feéricos.

Quando Fenrys terminou, ele estendeu meu braço e observou atentamente a marca entalhada em minha pele. Com o pincel de tintura, ele ajeitou algumas partes da marca de Wyrd dentro do círculo.

— Vamos sempre ter que ficar de olho para notar se alguma parte da marca se apagou — me alertou, passando a ponta da unha em uma parte do símbolo, deixando-o perfeito. — Caso se apague, não vai encobrir o seu cheiro.

— Tem certeza que isso vai funcionar?

— Sim.

— Mas os deuses se foram — sussurrei, olhando para cima e vendo Vaughan planando no céu perto de nós. — Isso não deveria deixar de funcionar?

— Wyrd não tem nada a ver com os deuses que se foram — disse, abaixando meu braço e me olhando. — Esses símbolos são mágicos, e a magia não deixou de existir.

— Você já testou isso depois de Aelin ter enxotado os deuses do nosso mundo?

— Sim, algumas vezes — informou. — E sempre deu certo.

— Ok, eu fico mais aliviada.

Vaughan apareceu ao nosso lado depois de se transformar de volta em um corpo feérico. Suas armas estavam escondidas sob o manto marrom, mesmo que o sol estivesse alto no céu. Sob meu traje preto, gotículas de suor escorriam por todas as partes do meu corpo. Eu sentia o suor escorrer da minha nuca para minha coluna, onde se perdia em uma linha da qual eu não a sentia escorrer.

— Tudo pronto? — Vaughan perguntou, olhando para Fenrys. O loiro acenou uma vez e deu um passo para o lado. Vaughan virou o rosto na minha direção e suas narinas se expandiram quando ele farejou o ar entre nós. — Bom, o feitiço deu certo. Não consigo sentir o cheiro de vocês.

Virei meu rosto e farejei Fenrys. Seu odor forte de antes não estava mais presente no ar, rodopiando ao meu redor como se estivesse procurando uma brecha em mim para me invadir. Senti meu rosto se tensionar e olhei para a marca em minha pele, surpresa por ter funcionado. Fenrys sorriu de forma arrogante pelas minhas dúvidas terem sido sanadas de forma precisa.

Quando saímos dos limites da floresta, por fim as planícies verdes deram lugar a quilômetros rochosos e áridos de litoral antes de surgir a cidade envolta em muralhas brancas, localizada entre o revolto mar turquesa e a ampla abertura do rio Florine, serpenteando continente adentro até Orynth. A cidade de Ilium era tão antiga quanto a própria Terrasen e, atualmente, pertence ao herdeiro dos mycenianos e Lorde da Baía da Caveira, Rolfe — alguém que provavelmente nunca mais gostaria de me ver depois que causei um pequeno tumulto em seu segundo lar de comando. E, além de ser o Lorde de Ilium, Rolfe também era o Comandante da Armada de Aelin. O homem era um saco, por mais que fosse extremamente bonito, o que era uma pena.

✓𝑹𝑬𝑪𝑳𝑨𝑰𝑴𝑬𝑹 | (𝘛𝘖𝘎) - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora