𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝑪𝒊𝒏𝒒𝒖𝒆𝒏𝒕𝒂 𝒆 𝑻𝒓𝒆𝒔

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Lorella


LEVA MAIS DE MINUTO PARA QUE EU PROCESSE O QUE A MENINA ACABOU DE DIZER.

— O quê?! — vergonhosamente é tudo o que consigo balbuciar, completamente em choque.

Ela anui, confirmando o que disse.

— Eu e Maggie também somos filhas de Holdwyn — repete, deslizando no chão para se aproximar. — Vivíamos no forte perto das Correntes Vulcânicas. Nascemos e crescemos lá. Nossa mãe vivia conosco até pouco tempo... — ela morde os lábios outra vez, em um tique que a denúncia nos momentos em que ela está pensando para onde sua história deve correr. — Mas Holdwyn a matou antes de virmos para cá.

Imediatamente sinto vontade de abraçá-la. Sinto vontade de derreter essas amarras de ferro e envolvê-la sob meus braços e a apertar com força até que parte de sua dor fosse liberta e acalmada. Mas não posso. Meus braços estão presos contra meu corpo e tudo o que posso fazer é me inclinar e tocar meu ombro contra o seu, em um gesto de solidariedade e compreensão. Seus olhos verdes marejaram e ela assentiu, colocando a mão carinhosamente sobre minha coxa, como se entendesse.

— Durante toda a nossa vida Holdwyn disse que Aelin Galathynius era a inimiga — conta, os olhos fixos nos meus. — Mesmo quando a rainha ainda estava perdida e Erilea sem magia, ele dizia que Terrasen era nosso inimigo. Crescemos acreditando nisso, que nosso inimigo eram os Galathynius e tudo o que eles representavam. Até minha mãe morrer.

A menina toma fôlego e abaixa a cabeça. Quando ergue o rosto, os olhos estão fervilhando com ódio, luto e desespero.

— Minha mãe era de Terrasen. Ela foi pega por Holdwyn e abusada por ele. Durante anos ela ficou presa sendo abusada e tendo filhos para ele. Deuses, ela teve mais de uma dúzia de filhos natimortos antes que eu e Maggie nascêssemos — a garota está pálida de ódio. Sinto o sangue sumir do meu rosto da mesma forma. — Quando nascemos, fomos enviadas para a reclusão. Era mais fácil nos fazer acreditar no que ele queria se nós não víssemos o mundo e descobríssemos a verdade — o ressentimento e amargura em sua voz me faz tremer. — Ele nos treinou com ódio no coração, mas minha mãe sempre estava ali para nos dizer a verdade. Fingíamos acreditar nas palavras dele porque era necessário. Onde Holdwyn plantou sua semente de ódio em nossos corações, minha mãe estava ali para arrancar aquela erva daninha e plantar outra semente de sinceridade e compaixão em nossas almas.

— Ela deveria ser uma pessoa incrível — sussurrei.

— Ela era, sim — a menina responde, esfregando o rosto. — As coisas mudaram há pouco tempo. Uma carta chegou dizendo que deveríamos nos preparar porque seríamos realocadas. Randall em pessoa chegou com a convocação. E quando minha mãe perguntou onde iríamos... ele cortou o pescoço dela. Bem na nossa frente.

Ela reprimiu um soluço, mas eu mesma estou chorando. Outra vez... a mesma história se repetindo com outra irmã outra vez.

— Sequer tivemos tempo de ajudá-la antes dos homens nos arrastarem para longe dali. Maggie tentou lutar e teve o braço quebrado. Tentei lutar mas o homem que me carregou não tinha tanta paciência e me apagou com um soco.

— Eu sinto muito — disse, por entre lágrimas. — Passei por uma experiência igual. Também por culpa de Holdwyn.

A menina me olhou de volta, então se aproximou, procurando algum ferimento feio em mim, qualquer sinal de que eu poderia quebrar caso ela se aproximasse demais. Quando pareceu certa de que eu não iria morrer e quando se assegurou de que o nó ao redor do meu ferimento no ombro não iria se desfazer, ela se aproximou até estar com a cabeça encostada no meu ombro intacto e suspirou fundo.

✓𝑹𝑬𝑪𝑳𝑨𝑰𝑴𝑬𝑹 | (𝘛𝘖𝘎) - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora