𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝑽𝒊𝒏𝒕𝒆 𝒆 𝑻𝒓𝒆𝒔

447 52 76
                                    

・✻・゚・✻・゚゚・✻・゚・✻・゚゚・✻・゚・✻・

Lorella


EU VOU MATAR ESSE FILHO DA MÃE. UM DIA EU AINDA VOU MATAR VAUGHAN.

Um dia, muito depois de essa missão terminar e todo esse embaraçamento ir embora da cabeça dele e de Fenrys. E de um jeito que sua morte não levante suspeitas sobre mim.

Ainda continuei o encarando de sobrancelhas erguidas e com a boca entreaberta, surpresa demais com sua resposta breve e apressada para o dono da estalagem. Ao meu lado, Fenrys desviou o olhar para atrás do dono e manteve os olhos fissurados muito atentamente na pintura velha se descascando da parede de madeira, como se aquela parede encardida fosse muito interessante no momento.

Dei um passo para o lado e me afastei de Vaughan, me virando para o dono da estalagem e mostrando um sorriso calmo para o homem. Estendi a mão para ele, com a palma virada para cima.

— Vou ficar em um quarto separado — balancei os dedos, exigindo pelas chaves de um novo quarto.

— Você deveria ficar comigo — Vaughan repetiu outra vez, cruzando os braços com uma arrogância voraz que me faz querer socar seus dentes. — E eu não vou pagar por outro quarto. Não apoiarei sua rebeldia.

— Não estou pedindo que você pague nada por mim. Jamais faria isso. — exibi os dentes para ele conforme vociferei, queimando-o com os olhos. — Eu posso e vou pagar.

Puxei duas moedas de prata da bolsinha e as joguei sobre o balcão. As moedas tilintaram e giraram sobre a madeira, quase caindo da borda antes do estalajadeiro bater a palma sobre os marcos de prata, arrastá-los e jogá-los dentro de seu bolso. Quando o homem me estendeu a chave e eu a peguei, Vaughan soltou um grunhido de insatisfação e me deu as costas, começando a subir as escadas.

Soltei um suspiro, resignada, e observei o guerreiro subir as escadas da estalagem batendo os pés, com a madeira das escadas rangendo sob seu peso. Permaneci ao lado de Fenrys no balcão e ouvimos atentamente as regras severas da estalagem, e as multas que a quebra das regras nos causaria. O homem nos disse que o café era servido às sete da manhã em ponto e que a primeira caneca de cerveja seria por conta da casa durante os dias que ficássemos aqui, como um brinde ou bônus.

Quando ele terminou com a longa lista de regras, eu e Fenrys subimos as escadas devagar e em silêncio. O guerreiro mantinha as mãos nos bolsos e os olhos no chão conforme me seguia até meu quarto. Olhei pelo corredor e tentei ignorar o barulho de roncos atravessando as portas; o gotejar sibilante de alguma goteira incansável e imparável ou o fato de que alguém estava usando um dos quartos para trepar. Audivelmente.

— Paredes finas, infelizmente — Fenrys comentou assim que paramos em frente a porta do meu quarto. Assenti e soltei um suspiro baixo e cansado conforme enfiei a chave na fechadura e abri a porta com um rangido alto.

Ainda parada na soleira, com Fenrys ao meu lado, estudei o que seria meu quarto para esta ou as demais noites: uma cama estreita com um colchão de palha seca, um travesseiro fino e dois lençóis estavam dobrados no final da cama — que seriam usados como cobertores. Uma janela estava aberta pela metade e, felizmente, uma brisa morna da tarde entrava por aquela fresta. Uma mesa alta e estreita estava em frente a cama, contendo uma bacia com água e um pedaço de pano — por sorte, limpo.

Do lado oposto da janela — e colado na parede da porta — havia um armário pequeno e apertado, junto de uma poltrona que já tinha visto dias melhores. As molas saltavam para fora e as espumas quase nem existiam mais naquele móvel velho e mofado.

✓𝑹𝑬𝑪𝑳𝑨𝑰𝑴𝑬𝑹 | (𝘛𝘖𝘎) - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora