𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝑺𝒆𝒊𝒔

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Lorella


EU ESTAVA MORRENDO DE FOME.

Era o único pensamento que invadia minha mente enquanto eu me trocava depois de me banhar, prestes a me encontrar com Sierra na biblioteca.

Fiquei em meu quarto até o almoço, e preferi comer no meu quarto — mesmo que Aelin tenha solicitado minha presença no salão de jantar real. Eu estava cansada e nervosa demais com tudo o que estava acontecendo na minha cabeça, e preferi me manter enclausurada por um tempo antes de ser liberta nesse castelo imenso outra vez.

Como Vaughan disse: minha comida foi totalmente escolhida por ele. E Emrys enviou o pedido do guerreiro — um pequeno pedaço de coxa de frango assada com purê de batata e uma espiga de milho assada, sem nem mesmo uma camada brilhante de manteiga, como eu costumava comer pelas barraquinhas da cidade.

Roí até o último pedaço de carne no osso do frango e o último grão na espiga de milho, mas mesmo assim a fome persistiu — mas pelo menos Vaughan manteve sua palavra e deixou que me entregassem cinco bombons enrolados em um guardanapo. Era os bombons que me mantinham de pé agora, já que eu os guardei para mais tarde, antes de ir até a biblioteca.

Depois de vestir uma camiseta preta de mangas longas, com uma calça de couro e botas — o vestuário mais simples que compunha boa parte das peças em meu armário —, eu caminhava lentamente em direção ao final do corredor, em direção àquela escada espiral que Vaughan me levou para o ringue de treino. Fui informada pela empregada que trouxe meu almoço de que aquelas escadas ligavam a maior parte da ala leste — onde eu me encontrava — e que a biblioteca ficava dois andares abaixo de onde o corredor dos quartos ficava. A sala de jogos era um andar acima. Já para que eu pudesse ir para a ala norte — me encontrar com Aelin mais tarde — eu teria de tomar a escadaria principal que ficava no coração do castelo, e no final de quase todos corredores, ligando todas as alas.

Termino de mastigar o último dos bombons enquanto desço lentamente os degraus de mármore. Minhas coxas doíam a cada passo que eu dava para baixo, em direção à biblioteca e ao meu encontro com Sierra. E meus braços não paravam de ter pequenos espasmos mesmo com aquele exercício de relaxamento no final. Na verdade não foi bem um relaxamento, já que eu corri para longe das mãos de Vaughan quando fiz a besteira de gemer com aquele toque aliviante na minha canela.

Patética. Eu fui uma completa idiota por ter feito aquilo e provavelmente deixado as coisas estranhas entre nós agora. Vaughan pensaria que eu sou uma pervertida que nunca esteve com um homem antes, que nunca sentiu o toque de um homem antes... mesmo que isso fosse parcialmente verdade.

Eu jamais estive com alguém como ele. Ou Fenrys. Nenhum dos três homens com quem eu infelizmente já estive poderiam ser comparados aos guerreiros que habitavam aquelas peles feéricas poderosas e habilidosas. Nenhum poderia se igualar à forma de luta de Vaughan ou à beleza arrebatadora de Fenrys.

Solto um resmungo quando passo pelo arco de mármore que me levaria das escadas para o corredor silencioso à minha frente. Há apenas um longo caminho que levaria a um lugar no extenso corredor: às portas duplas de madeira branca e abertas, com um cheiro de livros antigos e chá de canela e menta fluindo do local cavernoso. Com passos silenciosos eu me aproximo, tentando esquecer os dois machos que seriam os responsáveis pelo meu desempenho físico a partir de hoje.

Dou algumas batidinhas na porta antes de entrar, olhando ao redor com assombro. Não era uma das maiores bibliotecas de Aelin, provavelmente. Mas, mesmo sabendo que não era a maior, ainda sim não deixava de ser impressionante. Havia uma claraboia no teto, deixando que a luz da tarde primaveril entrasse pela vidraça branca com alguns desenhos representando Terrasen — a constelação do Senhor do Norte, feita com vidro amarelo, era a coisa mais magnífica de se olhar, e tenho certeza que seria ainda melhor observar ao anoitecer. Havia mais de uma dúzia de estantes com suas prateleiras cheias de livros, tantos quanto eu jamais vi na vida. E jamais reunidos em um único lugar. As estantes tomavam seus lugares na maior parte encostadas nas paredes do local, deixando um grande espaço no centro que era preenchido por três mesas de madeira polida com cadeiras acolchoadas, um divã esverdeado e tapetes felpudos com grandes almofadas para se apoiar.

✓𝑹𝑬𝑪𝑳𝑨𝑰𝑴𝑬𝑹 | (𝘛𝘖𝘎) - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora