𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝑽𝒊𝒏𝒕𝒆 𝒆 𝑵𝒐𝒗𝒆

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Lorella


— OBRIGADA.

A atendente do outro lado do balcão sorri para mim e acena, me estendendo o pacotinho de papel com meia dúzia de biscoitos de gengibre com mel e limão recém saídos do forno. Peguei o embrulho e sai da padaria. Do lado de fora, mordo um pedaço do biscoito crocante e começo minha caminhada de volta a estalagem, com o intuito de dormir por algumas horas e pensar em um plano para libertar Arthemis do esconderijo sem que Fenrys ou Vaughan suspeitem que fora eu a culpada pela fuga da comandante.

Eu não poderia permitir que Arthemis cruzasse os portões de Orynth, porque eu sabia que ela nunca mais deixaria aquela cidade — a não ser que estivesse morta. Eu deveria pensar em alguma coisa que a deixasse livre e que não me incriminasse e, ainda por cima, tentar encontrar uma forma de libertar o restante das minhas irmãs que ainda estavam sob as garras de Dilden. Conforme continuei minha caminhada pelas ruas que começavam a se encher com turistas, moradores e comerciantes para mais um dia monótono e comum, me forcei a pensar em alternativas para todos os problemas que estavam em meu caminho agora. E em quais deles eu deveria começar primeiro.

Me reconciliar com Vaughan. Sim, talvez fosse o mais importante. Mesmo que eu ainda soubesse que ele não aceitaria minhas desculpas de forma imediata, eu deveria tentar me desculpar com ele, afinal ainda somos uma equipe e devemos ter um bom desempenho juntos caso queiramos que essa missão seja bem sucedida. Além disso, eu não gostaria de estar brigada com Vaughan quando Arthemis supostamente fugisse. Seriam pistas demais que Vaughan poderia juntar e descobrir a verdade. Ele era inteligente e astuto o suficiente para isso, então eu não duvidaria de sua capacidade em desvendar meu plano, juntar minhas reações protetivas com Arthemis e descobrir minhas mentiras.

Depois de me resolver com o feérico, eu deveria começar em um plano para a liberdade de Arthemis. Soltá-la quando estivermos a caminho de Orynth parecia um bom plano — eu poderia acompanhá-la até algum lugar com o propósito para que ela se aliviasse em suas necessidades fisiológicas e, então, poderia arquitetar algumas desculpas de que ela me atingiu e conseguiu fugir. Ela teria uma janela de tempo muito estreita para se esconder e correr o mais longe que conseguisse do faro de lobo de Fenrys e dos olhos de águia de Vaughan, mas acredito que ela daria conta disso. Ela precisaria dar conta disso, caso contrário seria levada para Orynth, torturada e, possivelmente, morta. Além de meus amigos descobrirem com mais facilidade nossos genes compartilhados por um progenitor cruel e terrível.

Às vezes, quando o segredo começa a me sufocar, quero gritar. Ou então, se não puder gritar, quero pressionar a base das mãos no solo, atravessar a superfície e rachar a terra de tal modo que o segredo fique escrito no chão, só para que saia dos meus ombros e deixe de ser um peso que ameaça me afogar, ou me enterrar viva.

Conforme passei por um casal de jovens rindo e entrando em uma padaria, completamente apaixonados pelo olhar, não pude deixar de comparar essa doce e sincera relação com o que eu vinha tendo ultimamente com Vaughan. Depois de todas as vezes em que ele já me fez chorar, penso que Flora diria a mim que estou em um relacionamento com uma cebola. Ela me lembraria, de forma insistente, todas as vezes em que ele me fez chorar — e diria que isso não é digno de uma relação. Não de uma relação verdadeira, pelo menos. Flora, uma garota de catorze anos, me diria que o amor é puro, sincero, e te deixa com borboletas no estômago todas as vezes em que seu amor te olha e sorri para você.

Flora me diria que o amor é leal e profundo como o de Rowan e Aelin; companheiro e valente como o de Lysandra e Aedion; protetivo e imperturbável como o de Elide e Lorcan; ou sincero, pacifico e belo como o de Chaol e Yrene.

✓𝑹𝑬𝑪𝑳𝑨𝑰𝑴𝑬𝑹 | (𝘛𝘖𝘎) - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora