𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝑫𝒆𝒛𝒆𝒔𝒔𝒆𝒊𝒔

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Lorella


DESTA VEZ, NÓS SUBIMOS.

Subimos em uma das torres mais altas da ala onde geralmente ficavam as masmorras. Quando Lorcan tomou o caminho para as celas subterrâneas, com apenas uma palavra e um olhar, Aelin o fez mudar de ideia e subir para a única cela no alto da torre. Ela não olhou para mim pelo resto do caminho, mesmo quando eu raspei minha mão contra a sua — em um agradecimento por ela não ter dado ouvidos à Lorcan e ter se lembrado do meu terror contra a escuridão e de lugares sob a terra.

Elide, Dorian e Yrene voltaram para a festa — logo após a curandeira ter estancado o ferimento do homem e o ter deixado estável. Chaol saiu à procura de Fenrys a pedido de Aelin. Manon continuou nos acompanhando mesmo quando a Rainha de Terrasen disse não ser necessário. A Rainha-Bruxa apenas lhe lançou um olhar como se lhe ordenasse a aceitar sua presença. Aelin revirou os olhos e continuou a subida, em passos cuidadosos. Eu me mantinha ao seu lado para qualquer eventualidade, e tentei ignorar Manon subindo atrás de mim enquanto Vaughan servia como nossa retaguarda.

Rowan chutou uma porta e caminhou junto de Lorcan por um extenso corredor em direção à uma outra porta entreaberta. Eu poderia ver a câmera ali dentro, não tendo nada além de uma mesa de madeira e duas cadeiras de cada lado. Diminui o passo e deixei Manon e Vaughan passarem por mim pelas portas duplas. A bruxa me deu uma rápida olhada sobre o ombro antes de continuar seu caminho, inabalada. Respirei fundo e me apoiei na parede de pedra áspera ao lado do batente de madeira. As portas duplas estavam escancaradas como a boca de um monstro e levavam para um corredor — também feito da mesma pedra áspera — que cheirava a mofo e sangue, o que fez meu estômago girar.

Olhei de relance para frente e além, vendo Rowan e Lorcan jogando o suspeito em cima da mesa e amarrando-o com um pedaço de corda que estava pendurada em um gancho ali perto — e não deixei de reparar nas lâminas manchadas de ferrugem também penduradas na parede. Ferramentas. E eu não era ingênua ao ponto de pensar algo inocente e simplório vindo daqueles instrumentos letais. Eles estavam ali com uma função e, mesmo que pertencessem à curandeiros, os utensílios não eram para a melhora de alguém. Aquilo fora feito para arrancar respostas. De forma dolorosa e sangrenta.

Meu estômago dá outra guinada. Apoio minha testa na pedra áspera e respiro fundo, de olhos fechados.

Passos ecoam pela torre, subindo os degraus de forma apressada. Respiro mais fundo, esticando minha coluna e erguendo os ombros. Olho para as escadas no mesmo instante em que Fenrys irrompe da escadaria em sua forma animalesca. O grande lobo branco me olha com aqueles olhos pretos intensos e caminha até mim. Eu nunca o vi em sua forma animal antes, o que é surpreendente. A forma canina de Fenrys chega a ser espantosa. Com as quatro patas no chão, ele fica na altura perto dos meus seios — caso ele se erguesse provavelmente ficaria maior do que eu. Como se o sentimento fosse mais forte do que eu, sinto vontade de estender a mão e acariciar sua penugem branca como o luar, mas não faço isso. Fenrys está chateado comigo. E apostaria meu melhor par de botas que ele está em sua forma animalesca só para não ter que falar comigo no momento.

Mas isso não me impede de falar com ele.

— Lorde Chaol lhe contou o que houve? — pergunto, cruzando os braços e olhando para ele. Os olhos dele me encaram por alguns segundos antes de Fenrys assentir, balançando a grande cabeça para cima e para baixo. — Ótimo.

Lhe dou as costas, prendendo a respiração quando passei do umbral e caminhei pelo corredor. Ouvi o trotar do lobo branco atrás de mim conforme seguíamos em direção à câmera onde aquele homem seria torturado.

✓𝑹𝑬𝑪𝑳𝑨𝑰𝑴𝑬𝑹 | (𝘛𝘖𝘎) - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora