𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝑸𝒖𝒂𝒓𝒆𝒏𝒕𝒂 𝒆 𝑪𝒊𝒏𝒄𝒐

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Lorella


ME DESPEDIR DE FLORA, MAIS UMA VEZ, NÃO FORA FÁCIL, MAS OUSO DIZER QUE TER DE DEIXAR BLODREINA PARA TRÁS FEZ COM QUE UMA PARTE DO MEU CORAÇÃO SE ENTRISTECESSE COMO NUNCA ANTES. 

Em todas minhas excursões para fora do reino, eu sabia que Flora ficaria bem entretida sem minha presença. Evangeline e todo o restante da Corte de Aelin serviriam bem ao seu propósito de entretenimento e segurança conforme eu estivesse fora, mas Blodreina era um caso à parte. Ela estava acostumada diariamente comigo, com nossos treinos de voos e as caças matinais para seu café da manhã. Blood estava acostumada com minhas visitas noturnas, onde víamos o pôr do sol dar lugar a um céu outonal estrelado e ouvíamos os chiados dos grilos e animais noturnos zanzando ao redor do castelo. Então, sem minha presença diária em sua vida por um tempo indefinido, me preocupo com o que aconteceria à ela — e a mim também.

Levar Blodreina nessa missão seria arriscado, poderia chamar atenção demais ter uma serpente alada sobrevoando a cidade onde estava para acontecer um atentado em poucos dias. Levá-la seria o mais aconselhável, é claro. Diminuiríamos nossos dias de viagem, de quatro dias sem descanso até a costa de Eldrys levaríamos menos do que dois dias de viagem voando com Blodreina. Mas, outra vez, seria arriscado demais expor nossa localização quando temos o elemento surpresa a nosso favor.

Passei a noite anterior à nossa ida com ela, acariciando seu focinho e tentando compreender se ela havia entendido que eu viajaria por alguns dias. Ela parece triste e melancólica com minhas explicações, mesmo eu tentando lhe convencer de que Flora lhe alimentaria três vezes todos os dias e que elas poderiam visitar — de forma moderada e com muita boa educação — o jardim de Aelin, com o lindo laguinho que fora construído antes do início do outono.

Na manhã da minha partida, acordei sob a asa da serpente alada vermelha, com sua cabeça perto do meu corpo e seus olhos me fitando como se implorasse para que eu mudasse de ideia e a levasse também. Abracei sua enorme cabeça e a deixei no estábulo ao lado de uma dorminhoca Ligeirinha.

Ao alvorecer, quando voltei para o castelo, me troquei em silêncio ao lado de Fenrys e empacotei o restante das últimas coisas que faltavam na mochila. Sob o traje que Aelin me presenteou, sentia meu corpo tremendo de antecipação por não poder prever o que aconteceria em seguida. Fenrys também estava perdido em pensamentos conforme se preparava para a viagem. Ele vestia roupas pretas parecidas com o meu traje, o corte justo exibindo o corpo largo e musculoso; o macho ajeitou os cadarços das botas, então se aprumou para embainhar uma fileira de facas no boldrié através do tronco. O cabo das adagas eram igualmente escuras, camuflando-se contra o tecido da roupa. Os cabelos dourados estavam presos longe do rosto, firmemente amarrados em uma trança apertada que eu mesma me encarreguei de enlaçar com um nó da tira de couro na ponta.

Sentada no centro do silencioso e vazio quarto de vestir, terminei de calçar as novas botas com solado de borracha que eu havia encomendado um dia após o Equinócio. Elas me garantiriam mais estabilidade e apoio quando tivesse de escalar alguma parede lisa o bastante para escorregar, aderindo-se com mais firmeza nas paredes planas do litoral e suas pedras afiadas pela maresia salgada do mar. Em seguida, erguendo a cabeça, encontrei meu próprio reflexo no espelho do lado oposto da sala.

Meu cabelo estava preso em uma trança parecida com a de Fenrys, os fios puxados sobre o couro cabeludo de forma que os cachos fossem domados. O traje me cobria desde o alto do pescoço até os punhos e os tornozelos. Um par de luvas sem dedos foi acrescentado como essencial por Rowan, junto das novas botas.

✓𝑹𝑬𝑪𝑳𝑨𝑰𝑴𝑬𝑹 | (𝘛𝘖𝘎) - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora