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Lorella
— O QUE HÁ DE TÃO INTERESSANTE NESSE LUGAR?
Desviei o olhar do livro de fantasia romântica em minhas mãos e olhei para Vaughan, esperando que ele confessasse que estava brincando por perguntar algo assim. Mas o feérico apenas continuou olhando com desdém ao redor, nas prateleiras da livraria, como se os livros fossem recipientes contendo o líquido explosivo e inflamável de Fogo do Inferno, prestes a atacá-lo.
Ergui uma sobrancelha, soltando um riso incrédulo quando respondi de forma meio obvia:
— Provavelmente os livros.
Ele assentiu de forma veemente e continuou andando, avaliando os títulos dos livros dessa seção.
Eu sabia que Vaughan não pretendia ser maldoso em sua pergunta. Embora ele tenha se afastado nas últimas duas semanas, ele ainda tem sido cuidadoso comigo. Quando era o seu turno onde o anoitecer dava lugar ao alvorecer, ele ainda me deixava biscoitos de gengibre e mel em um pacotinho aos pés da cama, tão quentinhos e frescos que eu me perguntava onde ele arranjava tais delícias tão cedo pela manhã, quando nem mesmo a mais famosa padaria ainda estava aberta. Eu o sentia ao meu lado em suas vigias, em forma de uma águia pesqueira, observando-me dormir enquanto ele ficava acordado a noite toda vigiando o meu sono e de Fenrys. Ele ainda se irritava quando me via vestindo o traje de Aelin, ou quando eu insistia em acompanhar Fenrys em uma busca na área do ferreiro, mas ele sabiamente se calava e batia as asas furiosamente pelo céu escuro da noite.
Mas não hoje.
Hoje ele está impaciente, irritado e até mesmo um pouco violento. Não poderia culpá-lo, afinal fazem três semanas desde que estamos aqui procurando alguma coisa. Nossa primeira semana foi até um pouco construtiva — com os homens invadindo meu quarto e descobrimos onde o esconderijo deles poderia estar —, mas as outras duas semanas passaram em uma calma monótona e enervante. Nem mesmo uma pista de mais homens. Fenrys e Vaughan não encontraram os mesmos homens outra vez — nem o homem que me seguiu até o bairro velho, o cara de raposa ou o rebelde que quase abriu o armário e me encontrou junto de Fenrys, nos escondendo.
Tem sido dias frustrantes, ainda mais para os dois feéricos. Vaughan passava o dia fora, sobrevoando Ilium e até mesmo a cidade vizinha em busca de alguma pista; enquanto isso Fenrys o cobria a noite, vagando pelas ruas sombrias e farejando o que conseguisse. Eu passava meus dias caminhando pela cidade, tentando chamar a atenção outra vez, mas parece que nem isso estava dando certo. Eles se enfurnaram em suas tocas outra vez, como ratos amedrontados. Por isso, passei a ler uma incontável quantidade de livros. Às vezes, lendo até mesmo dois por dia. Quando eu estava decepcionada, eles eram meu consolo. Quando eu estava sozinha no momento em que os dois chafurdavam na cidade, eles eram minha companhia silenciosa. Eram os livros que cuidavam do meu coração enfraquecido e me encorajavam a manter minha perseverança quando eu estava na pior, prestes a dizer aos dois que desistia e seria melhor se voltássemos para Orynth e déssemos essa missão para outra pessoa. Um bom livro era um tipo próprio de magia, um que eu poderia usufruir com segurança e confiança, sem o medo de ser pega ou não conseguir acessá-los. Nesses últimos dias, eu estava particularmente feliz por ter a leitura ao meu lado, especialmente nos dias em que Vaughan parecia querer explodir de raiva ou impaciência pelo fracasso das caçadas. Histórias mágicas e fantasiosas tornava tudo melhor, mesmo que nossa situação estivesse uma merda.
Então, foi uma verdadeira surpresa quando vi Vaughan entrar pela porta da livraria e caminhar até mim sem dizer nada. Ele apenas ficou por perto, observando-me conforme eu lia as sinopses dos livros e avaliava os títulos das centenas de exemplares da loja. E eu me mantive em silêncio durante todo o momento. Desde que ele entrou na livraria eu consegui sentir aquele ar de violência tempestuosa em seu rosto, como se ele estivesse prometendo uma morte ao primeiro que cruzasse seu caminho. Não era muito diferente do que passear com uma pantera ao meu lado, um animal irradiando um perigo primitivo nos olhos escuros.
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✓𝑹𝑬𝑪𝑳𝑨𝑰𝑴𝑬𝑹 | (𝘛𝘖𝘎) - FINALIZADA
FanficLorella sabia que monstros existiam, e que eles não eram apenas valgs. Monstros, para ela, eram pessoas. Humanos, bruxas e feéricos, ela não via diferença quando tudo o que conheceu fora brutalidade e crueldade. Trancafiada desde criança pela falsa...