𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝑻𝒓𝒊𝒏𝒕𝒂 𝒆 𝑵𝒐𝒗𝒆

449 46 42
                                    

・✻・゚・✻・゚゚・✻・゚・✻・゚゚・✻・゚・✻・

Lorella


MEUS OLHOS ESQUADRINHARAM TODA A PARTE TRASEIRA DA GALERIA SUBTERRÂNEA, EM BUSCA DE UM ROSTO MERAMENTE CONHECIDO PELA CRIANÇA QUE EU COSTUMAVA SER. 

Arthemis notou minha preocupação e balançou negativamente a cabeça, pressionando os lábios. Havia decepção em seu olhar.

— Isla não veio.

— Não estou preocupada com ela — menti, cuspindo tal fúria por seu palpite certeiro. Arthemis detectou minha mentira, mas permaneceu calada. Balancei a adaga em minha mão. — Por que não dizem o que querem e vão embora de uma vez? Ninguém quer vocês por aqui.

Mesmo que Bellamy estivesse sorrindo e Freya e Sellene permanecessem com um rosto sereno e impassível, respectivamente, percebi o desconforto e mágoa em suas expressões ao final da minha frase. Eu não me importava. Se elas estavam aqui atrás de mim para que criássemos laços de irmandade... era mais fácil acreditar que uma cobra criaria asas e sairia voando.

Bellamy deu um passo para frente e começou a andar em círculos de forma despretensiosa.

— Art nos contou sobre suas intenções de derrotar Holdwyn. Uma coisa bem arriscada e astuciosa vindo de você — um sorriso persuasivo se abriu nos lábios da fêmea, e deixei a afronta de suas palavras de lado. Seus caninos de semifeérica brilharam sob a luz da tocha quando ela parou de caminhar e ergueu o indicador em minha direção, com convicção, dizendo: — Estamos dentro.

Não existe plano nenhum. Se antes houve alguma chance de parceria entre nós, foi embora no momento em que essa vadia me traiu e quase fez meu amigo ser morto — Arthemis bufou e olhou para baixo, cruzando os braços.

— Não podemos deixar de lado a pequena facada? — Bellamy perguntou docemente, sorrindo com uma meiguice tóxica. — É por uma causa maior, sabe? É só um pequeno detalhe em nossa relação. Além disso o bastardo ainda está vivo, eu soube. Sendo assim, sem mortes, sem ressentimento.

Sinto vontade de vomitar aos seus pés pela forma leviana com que ela fala de algo tão sério quanto havia sido o ferimento de Fenrys.

Eu confiei em você — ranjo entre dentes para Arthemis, apertando o cabo de Destino em minha mão. Ela não ergue os olhos para me encarar de volta. — Acreditei em você, e você retribuiu minha confiança cega com traição e um ferimento letal do meu melhor amigo.

— Arthemis teve seus motivos — Freya interfere, apertando o cabo de sua vassoura. A bruxa lança um rápido olhar para a irmã ruiva antes de voltar a me encarar. Há menos receptividade em seu olhar dessa vez. — Não aja como se você não entendesse.

— E não entendo — rebati, olhando duramente para todas. — São livres, estão longe das garras de Holdwyn e... e simplesmente ainda o servem!

Bellamy soltou uma alta e claramente forçada risada amarga, cheia de ressentimento e raiva.

— Nós somos livres, sim. Livres para obedecer nosso pai. Livres para matar e saquear e torturar — seu olhar avelã é profundo quando me encara e inclina o pescoço. O cabelo curto e cacheado desliza sobre um olho enquanto ela cruza os braços e me olha com um sorriso duro e impiedoso no rosto. — Engraçado como isso não me parece liberdade.

— Nossos destinos foram selados no instante em que nascemos — Freya continua, me olhando com menos amargura do que a irmã, mas igualmente impiedosa. — Nosso pai sabia no que nos transformaria. Ele escolheu nosso destino, não tivemos escolhas.

✓𝑹𝑬𝑪𝑳𝑨𝑰𝑴𝑬𝑹 | (𝘛𝘖𝘎) - FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora