Segredo nosso

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Perina revirou os olhos enquanto eu gargalhava como uma louca dentro da biblioteca.

A Sra. Bookcrung já estava mais que furiosa diante daquela bagunça e não se deu o trabalho de me repreender.

Baforadas de fumaça azul marinho eram expelidas pelo tinteiro destruído. Nossos livros e mochilas estavam manchados, e a Sra. Bookcrung limpava a sujeira do chão e das mesas ao redor.

O cabelo de Perina, antes preto e liso, tinha perdido a cor e ganhado ondas.

— Quanta estupidez, Lamanov!reclamou um garoto do quinto ano.

— Acho melhor você não se olhar no espelho antes de lavar seu cabelo!eu disse, limpando as lágrimas dos olhos.

— Vou repetir o ano se eu não aprender esse feitiço logo — Ela fez um bico com os lábios enquanto arrumava suas coisas.

— Eu disse que devia movimentar a varinha pra cima primeiro.

Valeu, sabichona!

Eu gargalhei outra vez e ela riu também, levando-nos para fora da biblioteca.

Por onde passávamos, Perina arrancava risadas dos alunos e fazia piadinhas de volta para cada um deles. Mas seu rosto ficou vermelho e mortificado quando, da ponta do corredor, surgiu um específico grupo de cinco meninos mais velhos caminhando na nossa direção.

— Droga... — ela resmungou.

Renie e seus amigos deram risadas. Dentre eles, apenas Alberich não riu; ele fez um aceno de piedade com a cabeça na direção dela e sorriu. Ela piscou apaixonadamente para ele e me puxou pela mão para irmos mais rápido.

No dormitório, fiquei esperando sentada na cama até que Perina terminasse de lavar seu cabelo, quando de repente ela deu um grito de dentro do banheiro e abriu a porta. O topo de sua cabeça continuava manchado de azul marinho.

— Que pena, vou ter que mudar de visual — ela lamentou falsamente e eu dei risada. — Você ainda tem a poção?

Eu puxei de debaixo da minha cama o meu pequeno engradado com frasquinhos de poções. Desde o segundo ano, quando Durmstrang começou a nos ensinar a prepará-las na prática, eu guardava todas em que tive sucesso, como um pequeno troféu de recordação.

Perina bebeu o líquido escuro até a última gota e parou de frente para o espelho, acompanhando segundo por segundo seus fios se tornarem completamente platinados e compridos.

— Você é genial!ela disse e me agarrou pelos braços. — Tem ideia do que minha mãe vai achar disso?!

— A Sra. Lamanov vai odiar.

— Exatamente! Mas não conte a ela que foi você quem me deu a poção, ou vamos ser proibidas de nos ver de novo!

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