Havia uma movimentaçãozinha furiosa na sede da Ordem no dia 1º de setembro e eu estava causando boa parte dela. Tinha esquecido de prender Shar na gaiola na noite anterior, quando ele estava quietinho para dormir, então a coruja alvíssima batia as asas pela casa, porque sabia que sua liberdade chegaria logo ao fim ao ir para Hogwarts. Era também seu jeitinho de protestar contra a mudança.
Ao mesmo tempo que corria atrás dele para prendê-lo, eu tentava rearrumar meu malão. Renie pegara minhas roupas para tentar libertar Monstro (por mais que o elfo nos considerasse seus donos tanto quanto considerava uma mandrágora), antes de Ninfadora avisar que Monstro não podia sair do largo Grimmauld, porque ouvia todas as reuniões da Ordem da Fênix.
Ao mesmo tempo, Fred e Jorge quiseram zoar com Renie, testando as Gemialidades nas roupas dele, mas pegaram as minhas por engano, então estavam sendo todas lavadas outra vez para tirar o pus de bubotúbera, o que gerava o risco de nos atrasarmos para pegar o trem.
— COMO PUDERAM FAZER ISSO NO DIA DA PARTIDA DE VOCÊS? — a Sra. Weasley gritava toda vez que seu olhar encontrava com o dos gêmeos.
Para piorar, minha varinha tinha sumido e andar pela casa sem ela era o mesmo que estar nua em cima de um palco. Minha relação com ela tinha mudado completamente depois que tentamos enfrentar Voldemort juntas. A madeira de espinheiro negro, não só tivera prazer em praticar a magia das trevas dos livros de Durmstrang, como também se tornara mais fiel às minhas vontades.
Perdê-la de vista era tão ruim quanto a perda de uma amiga, como aconteceu com Perina, que me deixou um vazio enorme... Ela teria defendido meu ponto de vista sobre sermos horcruxes, do mesmo modo que sempre fez; tal como, em seus últimos momentos, tentara nos defender conjurando campos de força ao redor de cada um de nós, conforme havia mostrado o histórico de feitiços da sua varinha. Era uma tradição na Bulgária que, durante o funeral, relembrássemos os últimos feitos mágicos realizados pelo bruxo antes de morrer, como um sinal de respeito e reconhecimento.
A Sra. Weasley pedira que todos ajudassem a procurar minha varinha, para que não perdêssemos o trem. Se eu tivesse seguido a sugestão de mamãe, e começado a aprontar tudo com uma semana de antecedência, nada disso teria acontecido, pensei.
— Arruinada... Desonrada... Falida... — resmungava Monstro para mim com um olhar maldoso ao seguir para o seu quartinho.
Ele sempre murmurou aquelas palavras para mim, desde que me viu, e, do meu ponto de vista, isso se parecia muito com o tratamento que ele dava às outras pessoas de quem não gostava, como Hermione e Rony. Contudo, eu não o tinha visto roubar os pertences de mais ninguém como o fazia desta vez, enquanto seu braço se esforçava para empurrar algo por dentro das vestes.
— Por favor, devolve... — eu disse. — Não vou te dedurar pro Sirius, prometo.
Monstro ainda tinha a expressão desgostosa.
— Não! — ele disse, torcendo a madeira com mais força nos dedos longos e finos como galhos secos.
— Mas é minha!
— Não! A varinha é do senhor Cygnus!
— Quem?
— Cygnus Black I! O primeiro membro da Mui Antiga e Nobre Casa dos Black, o mais puro e o mais honrado de todos! Essa varinha é dele e aqui deve ficar! Monstro fica encarregado de cuidar da casa dos Black!
— Como pode ser dele se eu comprei essa varinha na Bulgária?! Monstro, por favor, vamos perder o trem! Me devolve!
— Ela foi roubada do senhor Cygnus! — Ele estalou a sola do pé ao batê-la no chão. — Aqui deve ficar! É aos Black que ela pertence!
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Perversa Magia ✔️
FanficMendel Tonks cresceu na escola de Durmstrang e nutriu imenso afeto pelas Artes das Trevas. Durante seu período escolar, ela sofre um ataque e usa um feitiço perverso para se defender. Após o seu julgamento pelo Ministério, ela é enviada para estudar...