Exilada foi a morte da família

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Mendel

Foi só no dia seguinte ao passeio de Hogsmeade que fiquei sabendo que Cátia tinha sido enfeitiçada pelo colar de opalas. Passei o dia todo procurando por Draco, mas não o encontrei.

Eu sabia que tinha sido ele a enfeitiçar o colar. No meu livro de Durmstrang havia aquela maldição. Minhas mãos tremiam de desespero. Draco podia até não querer matar Dumbledore de verdade, mas não podia se dar ao luxo de machucar outras pessoas.

Eu devia ter insistido mais em saber o que ele planejava. Devia ter forçado ele a me contar, assim talvez eu pudesse ajudá-lo a driblar seu medo e impedi-lo de cometer um erro tão grande como esse.

Era minha responsabilidade que uma coisa dessas não tivesse sido impedida. O que Renie, Dora, Moody e o restante da Ordem da Fênix pensariam se soubessem que eu estava sendo tão desleixada?

E se Draco acabasse por matar Dumbledore por acidente?

Eu tinha tanta certeza de que ele não era capaz de fazer mal a ninguém, que me esqueci como sua inteligência era perigosa...

Meus pulmões doíam com as bolas enormes de ar que eu inspirava. Meu corpo foi guiado até o sofá da sala comunal por uma mão amiga e Sheri se sentou ao meu lado, largando uma coisa pesada no meu colo.

É claro que não contei a ela nem a ninguém sobre a Marca, então minha aflição devia parecer um exagero aos seus olhos.

O cheiro de peixe defumado invadiu meus pensamentos. No meu colo, havia uma travessa colorida de comida.

— Você não comeu nada ainda — Sheri disse. — Malfoy some às vezes, Mendel, é normal...

— Minha mãe quer qu-

— Não vire uma obcecada como a Pansy só por causa do que sua mãe quer. Tenho certeza de que ele tá bem.

Ela suspirou e me deixou comer o jantar em silêncio por alguns minutos.

— Tem uma coisa que você precisa saber — ela disse com relutância, mordendo os lábios em padecimento. — Harry tá suspeitando que você entregou o colar à Cátia.

Eu parei de mastigar com as bochechas cheias de arroz e o peixe a meio caminho de ser engolido.

— Eu não entendi direito o que ele quis dizer, as fofocas ficam meio distorcidas. — Ela olhava para suas próprias mãos. — Mas você tava no Três Vassouras e foi de onde a Cátia saiu com o pacote...

— Você tá me perguntando se entreguei?

— Eu sei que não entregou.

— Então por que tá me contando isso?

— Porque, agora que você tá com o Malfoy, Harry pode achar que você mudou de lado e pode tá tentando sabotar você.

— Ele precisa de provas, não precisa? As teorias dele não valem de nada pra ninguém...

— Sério? Nem pra você?

— Mu-Muito menos pra mim.

Theo entrou na sala comunal e se largou num sofá com um suspiro alto, descansando os braços nos apoios.

— Encontrei o Malfoy — ele avisou.

— Onde? — indaguei, já de pé.

— Na Torre de Astronomia.

— Obrigada pela comida, Sheri.

Eu abracei a travessa para sair da sala comunal, mas não sem antes ouvir Theo dizer em voz baixa:

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