Diz o cortejo dela

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Honestamente, eu não me lembrava de muita coisa da audiência. Havia algumas pessoas sentadas ao lado da mulher responsável por ouvir o julgamento. Meu corpo estava duro de tensão. Foi a primeira vez que minha postura ficou perfeitamente reta, porque eu não queria me mover. Meus lábios entraram no modo automático para contar o que Harper fizera. Eu sequer conseguia me lembrar do que se passara na minha mente, além de medo.

Depois, Ninfadora aparatou comigo na escola. Meu cérebro se sentiu seguro para sair do transe apenas quando o perfume de Draco me aconchegou. Ele me abraçou e me deixou ficar agarrada à sua cintura.

Ninfadora ainda não estava confortável com o fato de Draco ser um Comensal, mas ela com certeza estava flexível (muito mais do que Renie) desde que ele me ajudara a escapar das mãos de Voldemort na mansão.

— Como foi? — ele perguntou a Dora.

— Tudo ok. O veredito só sai daqui alguns dias — ela respondeu e eu permaneci em silêncio para ouvi-los.

— Harper compareceu?

— Sim, os pais dele sabem que a acusação é séria demais pra ignorarem. Eu vou indo.

— Só uma coisa...

Draco limpou a garganta e ficou encarando o chão, com o olhar de que estava tomando coragem para dizer algo.

— Você sabe sobre o meu pai? Como ele está ou... qualquer coisa.

Ninfadora tinha o olhar firme e simpático para ele.

— Não vou mentir, Azkaban é um lugar difícil. Mas aposto como ele prefere a segurança de lá às outras ameaças. Posso dar notícias suas a ele, se quiser.

Draco engoliu em seco e desviou o olhar, confirmando com a cabeça. Ninfadora beijou minha cabeça, despediu-se e partiu.

Nós dois nos dirigimos ao Salão Principal, onde todos almoçavam, e segurei a mão dele quando dezenas de olhares se voltaram para mim. Ele devolveu o aperto seguramente e nos sentamos.

Da mesa da Grifinória, Harry me observava com cautela. Eu lhe dei um sorriso firme. Ele fez um aceno positivo com a cabeça antes de voltar a comer.

— Vou assistir ao jogo de sábado com você — Draco disse, cutucando seu rosbife.

Meu rosto se iluminou com um sorriso de admiração.

— Vai mesmo?! — eu disse.

Ele assentiu com a cabeça, sem erguer os olhos, e sem ter levado nenhuma garfada de comida à boca ainda. Servi mais purê do que já tinha em seu prato. Draco viu meu olhar pedinte e começou a comer.

Ao fim do almoço, paramos no Saguão de Entrada. Ele estava com o rostinho abatido. Eu tinha aula de Trato das Criaturas Mágicas, então ele beijou meu rosto de um jeito distante para se despedir. Mas segurei sua mão.

— O que foi? — perguntei.

Draco hesitou, olhou inseguro para mim e voltou a encarar o chão.

— A missão. Não vou conseguir — sussurrou.

— Por que não?

— Não vai funcionar. Não tô conseguindo...

Um tremor intenso sacudiu o corpo todo dele.

Afaguei seu rosto para tranquilizá-lo. Draco fechara os olhos e cerrara os dentes para segurar o choro.

— Você e Narcisa salvaram minha vida. Não vou deixar nada acontecer com vocês. Então me deixa te ajudar.

Ele cravou seus olhos em mim numa intensa batalha de consciência. Seu peito subiu, prendendo a respiração por um momento, e ele segurou minha mão para sairmos dali.

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