Diante da perda do anjo

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Pela manhã, eu ainda estava na cama me recuperando do acesso de dor na cicatriz quando me dei conta de que, do outro lado do dossel, Sheridan e Evelyn discutiam aos sussurros o fato de as outras duas meninas ainda estarem no quarto.

— Bom dia — eu disse.

— Bom dia — Sheridan disse.

— O que você acha de afogar alguém em gelatina? — Evelyn disse, olhando para sua varinha com uma ruga pensativa na testa.

— Acho que seria maldade — eu disse.

— Mesmo com alguém insuportável?

— Faça isso e vocês duas vão viver se infernizando — a voz madura de Daphne veio de trás do seu dossel. — Melhor vocês descerem antes que ela acorde.

Evelyn sacudiu seus cachos na direção dela em resposta e nós três seguimos a sugestão.

Sheridan não era de conversar muito. Por outro lado, Evelyn não tinha fim com as palavras. Ela falava das coisas mais bonitas às mais feias com o mesmo tom animado e despreocupado, e não houve um segundo durante o café da manhã que não tivesse sido preenchido com seus comentários vigorosos sobre a comida, ou os fantasmas da escola, ou a probabilidade de Snape tirar cinquenta pontos da Grifinória logo no primeiro dia de aula.

O perfume de doces na mesa do café da manhã me abraçava de todos os lados. O garoto Zabini já estava à mesa comendo quando chegamos, mas não nos olhou mais que uma vez.

Eu estava lendo o horário de aulas daquele dia quando Malfoy se sentou de frente para ele, lançando-lhe um olhar fulminante.

— O quê? Você demora uma década para se arrumar e eu estava com fome — Zabini disse com ar superior. Sua postura enquanto comia era tão impecável e tão natural que eu me flagrei tentando ajeitar minha postura.

— Que seja — Malfoy resmungou. — Onde estão Montague e Bletchley? Aqueles dois idiotas vão perder a posição no time.

— E você vai colocar quem no lugar deles? Ninguém mais quer jogar quadribol desde que você foi nomeado capitão.

— Tá lembrado que você também tem que fazer os testes de novo? — ele disse de olhos apertados.

— Você não tem coragem de se livrar de mim. Todos sabemos: eu sou o melhor. — Zabini pousou seus dedos no próprio peito e apontou seu queixo para cima. — Já marcou o dia?

— Hoje, às três horas. Stuart saiu e a gente precisa de um novo artilheiro. Quero acabar com essa tortura logo. Qual a graça, novata?

Tentei disfarçar meu sorriso comendo um pedaço de bolo e dei de ombros em resposta.

— Vai fazer os testes pro time? — Evelyn supôs com um grande sorriso.

— Vou.

— Isso aí, Tonks!

— Novatos não entram. E você não tem porte pra jogar — Malfoy disse.

— Você acordou com a babaquice toda hoje, hein? — Evelyn disse.

— Não fale com ele dessa maneira — Pansy disse ao se aproximar da mesa.

Ela enroscou seu braço no pescoço de Malfoy e os dedos longos dele fizeram carinho em sua bochecha durante o beijo.

— Podemos estudar depois do término das aulas — Pansy disse quase contra os lábios dele, sentando-se em seu colo. — Parece que os NOMs vão exigir bastante de nós...

Ele deu um selinho demorado nela e voltou a comer.

— Tenho quadribol à tarde. A gente vê isso depois.

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