Melhor consolar Comensais

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Narcisa e Draco estavam sentados à mesa do jantar quando cheguei de Beauxbatons, no fim de semana seguinte. Ela estava na ponta da mesa e ele na cadeira ao lado, ambos com a postura impecável de sempre. Eu me sentei de frente para Draco, com o ar mais animado que eu tinha, e me virei para Narcisa.

— Tudo bem com você? Não te vi no fim de semana passado — eu disse.

— Como poderia? — ela respondeu, sem me olhar. — Você não ficou nem um dia por aqui.

— Ah! — Eu sorri e fiz um aceno de pouco caso. — Draco e eu nos desentendemos por uma bobagem.

— Diga a verdade, Tonks — ele disse para seu prato intocado.

— É, eu fiquei um pouquinho doente também. Mas já tô ótima.

Durante o restante do jantar, contei sobre o meu fim de semana em casa, com mais entusiasmo do que realmente era necessário, deixando as coisas mais engraçadas do que tinham sido de fato, mas só consegui alguns meios sorrisos de Narcisa e pouca atenção deles.

Draco se retirou da mesa assim que terminou de comer, no meio do meu relato sobre a pegadinha que Astlyn e eu fizemos com Renie, trocando seu café por lama. Os ombros de Narcisa relaxaram assim que os passos do loiro sumiram no andar de cima.

— O que você tem? — eu perguntei.

— Estou tentando engolir o fato de como você é lenta. Muita coisa acontece dentro de uma semana, Mendel, imagine em duas! E você não estava aqui.

— Ele estava impossível na semana passada, Narcisa. Achei melhor ficar longe para ele colocar a cabeça no lugar.

Ela fechou os olhos e se encostou na cadeira, os dedos se retorcendo sobre a mesa.

— Foi o pior momento que você podia ter escolhido para fazer isso — ela disse.

— Por quê?

Narcisa trincou os dentes e respirou fundo algumas vezes. O silêncio se estendeu por muito tempo. Ela bufou como quem se aliviava de uma dor.

— Draco recebeu a Marca — ela disse num único sopro de fôlego.

— Não... — sussurrei sombriamente.

— O Lorde das Trevas quer punir Lúcio depois do fracasso da missão no Ministério.

— Punir? Mas Lúcio vivia dizendo que receber a Marca era uma honra!

Os olhos dela estavam concentrados na mesa. Mesmo que sua tristeza fosse clara, ela ainda tinha determinação. Ela deixou o silêncio se estender por um tempo entre nós.

— Quando foi isso? — perguntei.

— Acredito que essa tenha sido a razão para a briga de vocês. Ele está estressado.

— Eu não teria ido embora se soubesse disso.

Ela cravou os olhos furiosos em mim.

— Não ouse me culpar pela sua atitude, esse não é o tipo de evento que eu posso contar através de uma carta.

— Eu entendo, mas você também não pode pôr a culpa em mim.

— Certo. — Ela acenou em dispensa e olhou para o nada, pensativa.

— Por que Voldemort...

— Não diga o nome dele!

—... acha que dar a Marca ao Draco é uma punição?

— Não vem ao caso. Tudo que você precisa saber é que ele não está bem e o próximo ano em Hogwarts vai ser difícil...

As mãos dela tremiam sobre a mesa. Eu pensei em segurá-las, mas me contive. Elas se recolheram para o colo e um medo colossal cruzou os olhos dela, pela primeira vez desde que a conheci.

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