Corações a cortejar

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Meu coração errou uma batida.

Ao pisar na soleira da minha casa, um perfume caro me envolvera. Dois braços fortes apertavam as minhas costelas num abraço.

— Que susto, Malfoy... — eu disse num sopro de fôlego, por cima de seu ombro.

Ele se afastou para me observar com atenção.

— Você tá viva, então.

— Lógico que tô. O que é que você tá fazendo aqui?

Minha outra eu, Sheri, entrou pela porta da frente e soltou um suspiro de alívio.

— Dá pra acreditar nele? — Sheri disse. — Por pouco que seus pais não ouviram ele perguntar onde você tava. Convenci os dois a irem pro vilarejo fazer as últimas entregas de poções antes das férias.

— Eu lá sabia se você ia me avisar quando voltasse dessa viagem estúpida? — Draco me disse. — Você podia ter sido atacada por esses vândalos que estão perseguindo os búlgaros.

— Foi pra isso que você veio aqui? — eu disse.

— Foi. E já vou embora, não precisa me chutar — o loiro respondeu, formando a expressão mais ofendida do mundo.

— Eu não ia chutar você. Não começa com o drama.

— Vou tomar café da manhã — Sheri disse displicentemente e saiu para a cozinha, ao perceber o clima tenso entre nós dois.

Draco me seguiu para o meu quarto, fechou a porta atrás de si e ficou me encarando com expectativa.

— Você usou a lareira pra chegar aqui? — perguntei, cruzando os braços.

— O que você acha? É o único jeito de encontrar um fim de mundo desses — respondeu, desdenhoso.

Dei um suspiro cansado em resposta a isso. Por quanto tempo mais eu vou ter que ouvir esse tipo de coisa?

— Minha mãe decidiu que a gente morasse num lugar isolado por segurança, sabia? Por medo da Belatriz, quando ela foi deserdada dos Black — expliquei.

Ele fez um aceno de desinteresse com a cabeça e eu senti que ele não estava me ouvindo de verdade.

— Você tá bem? — perguntou.

— Tô, Malfoy... — Encarei a parede lilás do meu quarto.

— Fala a verdade.

— Eu só queria ficar sozinha, tá? Achei que eu ia ter esse feriado pra esfriar a cabeça do que você fez... Aí, você aparece na minha casa inventando que tava preocupado...

— Mas eu tava preocupado!

— Que seja, ebasi... — resmunguei um dos xingamentos búlgaros que Perina havia me ensinado.

— Do que você tá me xingando aí? — perguntou, franzindo a testa.

Eu me abracei contra a brisa gelada que entrava pela janela, torcendo para que ele fosse embora sem que eu precisasse pedir.

Draco parou na minha frente e eu baixei os olhos para o chão.

— Quero pedir desculpas — ele disse.

— Pelo quê?

— Você sabe muito bem o quê.

Recuei um passo para encará-lo, transtornada com o olhar preguiçoso em seu rosto.

— Você nem sabe o porquê tô magoada, né?

— Eu fui bem grosseiro com você antes da festa.

— E...?

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