Boa sorte com o revide

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Draco

Afundei meu rosto no travesseiro e abafei um gemido que escapou da minha garganta. Tão logo eu me derramei nos lençóis, a culpa engoliu todo o tesão e, de repente, Tonks era a última pessoa em quem eu devia estar pensando naquelas condições.

Mas era só tesão. Não tinha problema nisso. Quando eu quisesse me afastar, era só me afastar. Essa era a verdade. Porém, a ideia de evitá-la começou a parecer mais atraente nos últimos dias, do que dizer a ela que não podíamos mais ficar.

Floreei a varinha nos lençóis para limpá-los e me meti debaixo da água quente do chuveiro, torcendo para que a tensão nos músculos das minhas costas se dissolvesse. Mas eles permaneceram rígidos, sustentando aquele medo e perturbação horrorosos em mim.

Infelizmente, o conceito estúpido de que era aceitável misturar o sangue puro com o resto já tinha se alastrado muito. As opções de meninas apropriadas dentro de Hogwarts beiravam zero. Porém, ainda havia algumas. Em países de classe alta, as chances de encontrá-las eram maiores, e naqueles com povoados inteiramente bruxos a escolha se tornava ainda mais fácil.

Eu e meus pais tínhamos o plano de criar relações fora do Reino Unido se fosse preciso para que a linhagem permanecesse pura. E esse plano continuava o mesmo quando eu me encontrava com alguma menina mestiça por alguns dias num local privado. O número de mestiças na escola era dominante e eu preferia deixar essas questões de lado para conseguir me divertir.

Esse plano continuava o mesmo quando Tonks e eu resolvemos ultrapassar o precioso limite imposto no Natal. Não havia problema em beijá-la e tocá-la dentro da sala do sexto andar. A vida continuava a mesma do lado de fora.

Esse plano começara a estremecer, no entanto, quando o meu corpo viu prazer em testar todos os limites que a minha mente estava impondo. As fronteiras já foram testadas tantas vezes que se tornaram tênues. Não conseguir discerni-las era irritante como precisar arrumar meu guarda-roupa sozinho.

De todas as coisas estúpidas que podiam acontecer, ter preferência por Tonks não era uma delas. Era estúpido e proibido. Ter preferência por uma mestiça; a filha da traidora dos Black; a irmã de uma auror; e, mais importante, alguém que o Lorde das Trevas, por alguma razão, claramente condenava. Era a receita para a tragédia.

A vergonha esmagava meu peito só de imaginar o que meu pai diria se soubesse disso. Apenas uma vez na vida recebi um olhar de desdém da parte dele e jurei que nunca mais lhe daria motivos para isso. Ele me amava. Ele se esquivou de uma condenação perpétua em Azkaban para poder ficar com a nossa família. Ele reverenciou o Lorde das Trevas ao seu retorno para garantir nossa segurança, por mais que seus planos políticos para o mundo bruxo fossem mais metodicamente assertivos e ele tivesse todo o poder necessário para superar o Lorde das Trevas.

Era difícil prever a reação de minha mãe, caso ela descobrisse sobre Tonks e eu. Ela tinha se revelado imprevisível. Jamais imaginei que reatar os laços com a irmã traidora fosse uma vontade sua. Conversávamos sobre tudo — desde Pansy, notas acadêmicas e planos de vida. Eu confiara a ela todas as coisas as quais meu pai nunca daria ouvidos. Aquele tempo todo, ela escondera seus verdadeiros sentimentos de mim e, por isso, eu me sentia traído.

Bom, mas fora por incentivo dela — e pela tendência de meu pai a concordar com ela em tudo — que Tonks e eu ficamos próximos. Se o estado atual das coisas era culpa minha, era culpa deles também.

Suspirei e sacudi a cabeça em rejeição a esse pensamento. Independente de quem era a culpa, era minha responsabilidade não deixar que nada daquilo prejudicasse meus pais.

É claro que aprender a me defender não tinha nada a ver com isso. Eu não perderia nenhum conceito de Defesa Contra as Artes das Trevas só porque Dolores Umbridge achava que a teoria era o suficiente para formar um bom bruxo. Meus pais me ensinaram melhor que isso. Eu não os tornaria cúmplices do meu delito, mas tampouco deixaria alguém me privar de aprender. E se o resto daquela escola — especialmente os partidários de Dumbledore e Potter — iam se submeter àquela rasa educação, melhor para mim.

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