Cachos velam pela morte

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Era sábado, dia de jogo da Grifinória contra a Lufa-Lufa, e eu estava um pouquinho animada demais enquanto passava geleia na minha torrada.

— Você vai querer assistir a esse jogo idiota? — Draco perguntou, sentado ao meu lado.

— Claro, assisti a todos os jogos.

— Vício faz mal.

Eu dei risada da cara de mau humor dele para a comida e aproximei minha torrada de seus lábios. Ele deu uma mordida na pontinha, de má vontade.

— Não é vício, para de ser implicante — respondi. — Certeza que não quer ir?

— Tá me pedindo pra ir? — Ele ergueu uma sobrancelha, com um sorrisinho metido, como se eu tivesse alguma dificuldade em admitir que o queria ao meu lado. Antes, eu tinha. Mas, desde o sequestro, percebi que era bobice permitir que o orgulho engula meus sentimentos por ele.

— Sim, Malfoy, por favor. Quero sua companhia.

Ele suspirou enquanto me olhava e eu fiz um biquinho. Draco beijou minha bochecha com carinho e manteve os lábios perto da minha orelha numa tentativa de minimizar o impacto da resposta:

— Não posso.

— Você quer aproveitar que a escola vai estar vazia, né?

— Exatamente.

E, pela infelicidade no rosto dele, eu sabia que ele queria ficar por causa da missão.

Assim que todos começaram a sair para o campo, puxei-o para um canto reservado do corredor e segurei suas mãos nas minhas.

— Vou ficar aqui com você — eu disse.

— Nem pensar.

— Mas quero saber no que você tá trabalhando.

— Não, você vai dar pitaco e eu quero fazer sozinho.

— Você ia se ferrar com o seu último plano se eu tivesse ficado de fora!

— Você diz isso porque não confia no Snape. Prometo que te conto o que é quando estiver quase pronto.

— Promete mesmo?

Estendi meu dedo mindinho na direção dele e suas sobrancelhas se franziram em confusão para esse gesto.

— Assim — eu disse e enganchei seu mindinho no meu.

— Tá, prometo. Vou estar inteiro quando você voltar.

Ele me beijou e eu o deixei ir. Para o meu alívio, a pequena serpente de proteção estava presa em sua gravata verde.

Meu coração estava em pura paz enquanto eu seguia sozinha para o campo. Eu confiava plenamente se ele dizia que eu não precisava me preocupar.

Mas a minha mente era um turbilhão de perguntas. E se fosse hoje que Dumbledore morreria? Meu coração realmente se importava mais com o bem-estar de Draco do que com o de Dumbledore?

Afinal, o diretor tinha tirado Renie da cadeia...

Mas Renie não teria ido para lá se tivéssemos tido a ajuda de Dumbledore desde o começo. Certo?

Era horrível andar tranquilamente pela escola como se não soubesse o perigo que o diretor corria. E era fácil eu não me incomodar, uma vez que não seria eu que o mataria...

Tentei pensar em algum lado bom. Se o plano de Draco produzisse resultados e ele, carregado de culpa como estava, matasse Dumbledore com as próprias mãos, dificilmente sua alma seria corrompida. Se Dumbledore morresse, as vidas de Draco, Lúcio e Narcisa estariam a salvo.

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