Escuta profeta que te afeta

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Pansy abriu a boca e tomou fôlego para dizer algo, mas por fim aprumou os ombros e seguiu seu caminho.

Malfoy recuou um passo e esfregou o rosto.

— Merlin! — eu disse.

— Isso é uma merda.

— Eu sei.

— Já faz meses...

— Olha... Eu não sei o que acontece entre vocês dois...

— Não acontece nada!

— Ela parece que ainda tá na mesma. Por que você não conversa com ela?

— Eu não ligo pro que ela pensa.

— Bom... Talvez você devesse ligar, principalmente se ela é capaz de soltar uma serpente de três cabeças na escola por você.

Ele fechou os bonitos olhos e suspirou. Eu acariciei sua mão e sorri, atraindo sua atenção de volta.

— É bom te ver — eu disse.

Malfoy engoliu em seco e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

— É bom te ver também.

Eu não sabia mais o que dizer depois disso. Eu sabia que meu corpo queria se entregar aos beijos dele outra vez e que isso me fazia bem como eu nunca achei que pudesse me sentir. Mas era imprudente. Pansy era uma ameaça real.

Bom, mas não foi pra ficar longe dele que eu tinha entrado na merda da Brigada...

— Que bonito! — Blásio disse ao caminhar até nós, interrompendo meu dilema. — Não é à toa que Pansy estava cuspindo fogo.

— Cai fora — Malfoy disse.

— Não. Você falou que ia revisar a guerra dos gigantes com Nott e eu. E vamos combinar que vocês de chamego no meio do corredor é a ideia mais estúpida que eu já vi dos dois, entre outras.

Ele puxou Malfoy pela capa e o arrastou. Os olhos azuis trocaram um olhar cúmplice comigo antes de sumirem no próximo corredor.

Eu voltei a caminhar para o Salão Principal. Blásio está certo. Mas isso não é nada justo.

Eu me ocupei em procurar minha capa na mochila para não pensar nesse assunto. Puxei meus livros de dentro dela e prendi entre os dedos pergaminhos velhos e amassados que eu ficara de jogar na lareira. Mas eu dei um encontrão com alguém e minhas coisas caíram todas no chão.

— Por Merlin! — eu disse, atônita com aquela bagunça.

— Desculpe — Harry sorriu encabulado e me ajudou a juntar os livros. — Tá indo bem nos exames? — ele disse.

— Si-Sim. É. Eu tenho.... tenho... — Eu soltei o ar e fechei os olhos por um momento para pensar direito. — Harry, eu sei que não falo com você direito desde que a Armada foi descoberta, mas... eu queria que você soubesse... Se eu fui bem no exame de Defesa, foi por sua causa. Ninguém teria me ensinado tão bem.

— Você fez tudo sozinh-

— Só aceita o meu elogio, ok? Por favor.

Nós sorrimos um para o outro e ele assentiu com a cabeça.

— Não tô zangado. Só fiquei surpreso quando fomos pegos. E eu demorei um pouco pra acreditar que você não tinha nada a ver com quem dedurou a gente, então...

— É justo. Estamos de bem?

— É claro!

Um peso enorme nos meus ombros se desmanchou ao ver tanta franqueza no olhar dele. Tinha sido insuportável observá-lo de longe nos últimos meses, suspirando com a culpa e o orgulho se embaraçando no meu estômago toda vez que o via e não tinha coragem de lhe dirigir uma palavra...

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