Feitiços e artifícios

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Eu tinha sorte de poder contar com a ajuda de Theo para melhorar meu relacionamento com o grupo de Malfoy. Talvez eu nunca conseguisse ter outra vez o tipo de amizade cem por cento aberta e íntima que tive com Perina, mas era importante para mim, não deixar a mudança para Hogwarts me isolar completamente. Naquele momento, investir no plano de Theo era minha prioridade.

Fazia duas semanas que eu me dedicava às conversas animadas de Blásio sobre quadribol e o ajudava a estudar Feitiços. Malfoy não gostava nadinha disso.

Todos estávamos reunidos na sala comunal, certa noite, para revisar a matéria do dia, quando Evelyn disse:

- Por que você não começa a cobrar pela ajuda?

- As pessoas não iam mais querer se eu cobrasse, é a verdade - eu disse.

- Ninguém quer realmente. Você oferece e as pessoas aceitam por falta de opção - Malfoy disse, mais interessado no seu dever de casa do que em olhar para alguém.

Eu o ignorei do mesmo modo que estava fazendo há duas semanas.

Todos começaram a se recolher, enquanto Blásio e eu praticávamos os feitiços de Flitwick. Malfoy fingia que tinha mais dever para fazer para ficar nos vigiando, mas acabou pegando no sono sentado.

- Blásio, você deveria tentar um aceno com a varinha e não furar o sapo... - eu disse.

- Ah, que se dane isso, só preciso fazer ele calar a boca.

Ele cutucou o animalzinho com sua varinha; ele saltou para o chão e partiu em fuga, colando e descolando as perninhas no chão da sala.

- O floreio da varinha também é importante - eu disse, inclinando-me e trazendo o sapo de volta para o lugar. - Você não faz algo levitar se não mover a varinha do jeito certo, né?

- Obrigado, Tonks, mas sei usar um feitiço do primeiro ano.

- Ah, é? Prove.

Eu cruzei os braços e me encostei no sofá.

Ele fez o sapo levitar com perfeição usando o floreio e não conseguiu nenhum resultado com a varinha parada.

- Convencido agora? Acene com a varinha e faz ele ficar quieto agora.

Com mais meia hora de tentativas, Blásio conseguiu fazer o sapo parar de coaxar.

- Viu? Só praticar. É complicado mesmo, uma vez eu congelei sem querer o gato do meu irmão tentando aprender a silenciá-lo - eu disse. - Ele me ignorou por quase um mês.

- Seu irmão?

- Não, o gato.

Para a minha surpresa, Blásio caiu na gargalhada com isso.

Malfoy debateu suas pernas quando acordou assustado com o barulho, de tal modo que só então percebi que era nelas que eu estava encostada.

- Excelente... - Malfoy resmungou com a voz sonolenta. - Já terminaram com isso?

- Não sei, cara, provavelmente ainda vamos ficar aqui para fazer alguma coisa mais interessante - Blásio disse, sorrindo e colocando os pés sobre a mesa.

Malfoy revirou os olhos e subiu para o quarto sem dizer mais nada.

- Ele gosta muito de você - eu disse.

- Às vezes eu acho isso também.

- Como assim?

Ele me olhou com atenção e ficou pensativo, cutucando o sapo com sua varinha.

- Quando a Pansy disse que não existem inimigos entre nós, ela quis dizer exatamente isso - ele disse. - Os Malfoy sempre fizeram festas para nos reunir, nossas famílias são amigas há muito tempo. Falando do fundo do meu coração, eu gosto do cara, mas ele sabe que tem todas as atenções só por interesse das pessoas. Ele não curte muito, mas...

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