1 medo

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Draco está a salvo, é isso o que importa, eu pensava.

Eu levaria a culpa por ele quantas vezes fossem necessárias, porque eu estava apenas assinando o crime como a responsável, mas ele fazia a parte mais difícil.

Seu olhar acinzentado tão belo se esbugalhou quando lhe contei que Snape me flagrara na biblioteca e me mandara para a sala do diretor. Depois disso, assegurei a Draco que estava tudo bem e fui dormir. Deitada na cama, as lágrimas rolaram sem parar. Minha cabeça doía tanto...

Dumbledore tinha libertado Renie da prisão e eu queria acreditar que suas intenções eram egoístas, para que assim eu não precisasse ser grata a um homem que nos negou ajuda no início.

Harry me odiaria por eu pensar assim? O que ele teria feito no meu lugar? Aquela avassaladora vontade de contar tudo a ele, chorar em seus braços e pedir seu consolo um dia iria embora?

Eu sentia frio na barriga e arrepios pelos braços ao lembrar do momento em que minha mão tocou seu pescoço ardente, sua pele aveludada; enquanto perdíamos a aula de DCAT e eu nem me dava conta disso, hipnotizada em seu olhar doce. Acontecia um agito de fascinação dentro de mim por ele querer que eu ficasse na Toca com ele no Natal...

E o jeito que o verde de seus olhinhos brilhava à luz do dia era surreal!

Mil vezes eu me flagrei sorrindo como uma idiota para o dossel, admirada e culpada pela fome, a fome de ficar perto dele, sentir seu cheiro, pentear seu cabelo com meus próprios dedos, tocar cada centímetro de seu rosto, acarinhar suas bochechinhas coradas, ver seu sorriso de pertinho e ter um pouquinho mais de certeza de que era por minha causa que ele sorria... Queria fazer tudo isso sem estar acompanhada do terrível sentimento de que era errado.

Harry merecia coisas muito melhores do que as pessoas lhe davam: as cobranças, as fofocas, os descasos. Ele merecia mais do que a mim, que, apesar de querer dar o mundo a ele, escolhia deixá-lo de lado.

A dor de cabeça que assolava meu cérebro descia para o coração às vezes.

Funguei contra o travesseiro e limpei a lágrima que fez cócegas no meu nariz. Queria sair do quarto e encontrá-lo, dizer uma bobagem ou outra sobre quadribol, ou as aulas da AD em que ele fora tão bom ensinando. Mas era provável que eu encontrasse Draco no caminho e, se isso acontecesse, eu sabia que sufocaria aquela vontade e dedicaria minha atenção ao sonserino.

Então, em vez de escolher, dessa vez, preferi boiar naquele mar de ilusões que eram uma tortura e um alento, sentindo culpa e paixão...

Minha mãe aprovaria minhas atitudes, minhas escolhas? E se não aprovasse, em quem eu deveria me apoiar então?

Pensar em sua reprovação me deixou arrasada. Tomei uma dose radical de três frascos de Poção Calmante e só assim consegui dormir, fugir dos pensamentos amargos e dolorosos.

O sol de domingo estava nascendo quando desci para o comunal. Fiquei aliviada, porque após o café da manhã iríamos para Hogsmeade. Lá, Draco e eu teríamos um fantástico dia juntos e tudo ficaria bem... Eu só precisava me distrair um pouquinho...

Mas esse otimismo foi contaminado por ma porção de ansiedade quando encontrei Draco e Theo conversando no sofá, e me lembrei de uma obrigação pendente do dia anterior.

Minha mão suava quando sentei ao lado de Draco e ele segurou-a na sua.

— Do que estão falando? — perguntei.

— Nott precisava de conselhos amorosos.

Eu dei uma risadinha baixa.

— E ele pediu pra você? — questionei.

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