Alma minha amada, volta?

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Draco estava acamado e inconsciente. Eu já enviara uma carta à Narcisa para tranquilizá-la, presumindo que ela desejava ir até a escola, mas que não podia.

Eu estava encostada num canto perto da porta. Já fazia um tempo que Harry tremia na minha frente, enquanto me explicava o que tinha acontecido no banheiro da Murta Que Geme. Enquanto isso, eu apenas achava a parede da ala hospitalar mais interessante do que ouvir suas desculpas.

— Você sabe que explicar não vai tornar o que você fez melhor, né? — eu disse para a coluna da parede. — Ele podia ter morrido.

— Eu sei, eu... Eu sei.

Harry respirou fundo, torcendo nas mãos aquele livro de Poções que Rony tinha ido lhe entregar na enfermaria. O verde dos olhos dele escurecia toda vez que olhava para o livro. Estiquei a mão para pegá-lo, mas imediatamente Harry o afastou com um gesto repleto de ciúmes.

Por fim, ele suspirou e o entregou, aberto na página onde estava escrito SectumsempraPara inimigos.

— Fico surpresa que se importe tanto com um livro, achei que a única coisa que você lia fosse "Quadribol Através dos Séculos" — eu disse para a página.

— Me desculpa... de verdade...

— Não é a mim que você deve desculpas.

Harry apertou os lábios e desviou o olhar, consternado, trocando o peso em que apoiava a perna.

— Me sinto horrível, ok? — ele disse. — Eu nunca usaria um feitiço desses se soubesse o que fazia, mesmo no Malfoy, você sabe disso. Já me puniram pelo que fiz, fui tirado da equipe de quadribol e a Grifinória...

Eu fechara os olhos e erguera a mão para interrompê-lo.

— Você precisa aprender a hora de ficar calado. Usar um feitiço desconhecido foi irresponsável e... e eu odeio você por ter me feito acreditar esse tempo todo que você não era esse tipo de pessoa.

Harry me olhou com descrença e perplexidade. Voltei para perto dos leitos. Eu mal tinha lhe dado as costas quando ele mesmo marchou para fora da enfermaria, rancoroso.

Madame Pomfrey informou que Draco seria liberado no dia seguinte. O sonserino se limitou a fazer acenos com a cabeça como resposta a tudo e ficou calado quando sugeri ficar ao seu lado durante o horário de visitas, lendo os contos de sua família.

"Uma vez, fiz um pacto com a minha esposa" — eu li. — "Nós nunca mais comentaríamos sobre o nosso filho, que morrera pouco depois do parto. E eu acrescentei com uma risada 'a menos que ele mesmo puxe conversa conosco'. Sempre tive um humor sombrio... Mas não tenho sorrido para nada desde que um inexplicável choro de criança veio do quarto que deveria ser dele..."

— Para de ler isso — Draco disse, estremecendo na cama com a história de terror.

— Mas é tão legal! — Dei risada, mas ele respirou fundo e fechou os olhos, afundando na cama. Descansei o livro no criado mudo. — Ainda dói? Posso pegar uma poção analgésica mais forte no meu engradado rapidinho, Madame Pomfrey não vai ver...

— Não precisa — disse para o teto.

Envolvi sua mão gelada nas minhas para aquecê-la. Ele mantinha o semblante duro o tempo todo e tive um pouco mais de raiva de Harry por tê-lo obrigado a passar por mais aquele sofrimento.

— A maior parte das cicatrizes vai acabar sumindo... — eu disse.

— Mesmo assim, morrer teria sido mais agradável.

— Não fala assim...

Draco meneou a cabeça e engoliu em seco. Seus olhos acinzentados cintilaram à claridade amarelada da ala. Afaguei seu rosto e Draco deitou sua bochecha na minha palma.

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