Rosa de zangado dote

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Harry

Eu olhava para o relógio a cada cinco minutos, tentando pegar no sono. Era quatro e meia da manhã. Já fazia quase dois meses que meu corpo não descansava direito. Será que ela conseguia dormir bem? Renie lhe era, claramente, uma preocupação enorme. Somando isso àquela história de horcrux, inquietação talvez fosse uma palavra bem fraca para definir seu estado...

Mas estou sendo idiota, pensei. O dia nem começou e é nisso que penso. Qual tinha sido a última coisa em que pensei antes de cochilar mesmo? Ah, é. Mendel também.

Eu suspirei e deitei de costas, encarando o dossel vermelho pontilhado de estrelas douradas. Tentei pensar em outra coisa.

Putz, ainda não terminei o trabalho de Poções. Aposto que ela já estaria mais que adiantada nisso...

Não, outra coisa.

Será que Hermione ia conseguir esquecer a briga com Rony e passar o Natal n' A Toca com a gente? E se Mendel fizesse uma aparição surpresa por lá, como na casa dos meus tios?

Eu cocei os olhos e dei um suspiro derrotado. Sempre que eu achava que não podia ser mais idiota, eu me superava.

Minha mente foi assaltada pela lembrança do que ela dissera, sobre serem uma horcrux, uma parte de Voldemort. Eu nunca tinha visto tanta seriedade em seu olhar antes e, sinceramente, foi assustador. Ela sempre tivera um sorriso imenso no rosto enquanto contava as suas inúmeras histórias de Durmstrang. Ou então tinha lágrimas nos olhos, que a tornavam bem boba. Ela costumava ser a caricatura de alguém bem infantil e simples e, até pouco tempo, eu não a levava nem um pouco a sério.

Como é que eu poderia levá-la a sério? Quem é que chora o mesmo volume de lágrimas quando sua coruja ganha filhotes e quando seu trabalho de Poções recebe uma nota baixa?

E quem não acharia esquisito a mesma caricatura infantil lançar um feitiço das trevas em Malfoy bem no começo do ano letivo? Mendel era muito confusa de se entender no quinto ano, então deixei para lá. Além disso, eu tinha preocupações maiores naquela época. Sirius, preso no largo Grimmauld, procurado pelo Ministério; Umbridge aterrorizando a escola; as aulas da AD sob minha responsabilidade; e, é claro, Dino e Cho.

Eu era muito confuso. Meus sentimentos se misturavam de tal forma dentro de mim que tomar decisões era difícil e me entender, impossível. Mas as coisas começaram a fazer sentido quando vi Cedrico e Cho juntos no Baile de Inverno. Até então, eu achava que era só por causa dela que meu sangue fervia enquanto eles riam um para o outro. Ela era a menina mais linda que eu já tinha visto. Mas ele também estava tão deslumbrante que eu queria andar ao seu lado naquela noite. A morte dele abriu um buraco colossal no meu peito. Nessa época, eu ainda estava tentando entender os meus sentimentos.

Dino me flagrou aos prantos nos últimos dias do quarto ano letivo. Ele foi gentil, compreensivo e, durante os poucos minutos que ele passou ao meu lado, eu senti que havia uma pontinha de esperança para as coisas ficarem bem.

Cho continuava nos meus pensamentos, no entanto. Observá-la era um momento sagrado e no quinto ano eu ainda precisava tomar cuidado para não cuspir a bebida quando sorria de volta para ela.

Dino e Cho eram excelentes jogadores de quadribol, eram lindos, populares, muito mais inteligentes que eu.

Minha indecisão se dava por vários fatores. Por exemplo, eu tinha medo de escolhê-la, porque ela estava de luto por Cedrico e eu não queria me aproveitar da sua situação. Ao mesmo tempo, eu tinha medo de escolhê-lo, porque... Dino simplesmente era bom demais para mim. Era difícil acreditar que ele gostava de mim.

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