A ampulheta em agonia reside

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Mendel

Dias depois, eu estava na Sala Precisa. O ar tentava abrir caminho para os meus pulmões, falhando miseravelmente. O pânico dilatava dentro de cada célula do meu corpo, um monstro de culpa espremia meu rosto.

Foi quando Harry tocou meu ombro e sorriu. Seu peito subia e descia rápido também. Quando os olhos verdes brilharam de entusiasmo e satisfação, tudo se encaixou nos lugares certos, o monstro foi embora e a paz me preencheu.

— Aquilo foi... brilhante — ele disse entre lufadas de ar.

— Aquilo? Não foi nada... Você... que foi brilhante... Quem sabe qual feitiço ela teria acertado em mim... se você não tivesse me puxado? Você pensou muito rápido!

— Ah, é prática, eu acho.

Desconsiderando a parte em que Umbridge quase nos flagrou roubando o baú com o Bicho-Papão em sua sala, a operação deu certo. O Mapa do Maroto e a capa da invisibilidade tiveram um papel importante em nos ajudar a fugir de Filch e dos professores. Eu não podia negar que sentia inveja de dois artefatos tão úteis e engenhosos. Harry tinha consigo um carinho imenso nas palavras para contar que Sirius, Lupin e seu pai eram as mentes talentosas por trás do Mapa e que a capa pertencera a seu pai.

Faltavam poucos minutos para o início da reunião da AD e passamos o restante do tempo conversando na Sala Precisa.

— Não vejo a hora de conjurar um Patrono corpóreo... As formas dos animagos costumam ser as mesmas dos Patronos, sabia? — eu disse.

— E quanto falta pra vocês se transformarem?

— Só falta uma tempestade de raios acontecer, e aí a gente toma uma poção vermelha que fizemos há alguns meses e é isso. Calma aí, não teve nenhuma tempestade ultimamente, né?

— Tipo aquela da semana passada?

— QUÊ?! Ah, não! Por Merlin! — Saltei de cima da almofada, preparada para correr e dizer ao Renie que íamos ter que começar tudo de novo!

Mas Harry começou a dar gargalhadas, abraçando a barriga, o que denunciou a sua brincadeira.

— Não teve graça! — ralhei.

Ele ainda estava rindo e eu me contagiei com suas risadas, quando os membros da AD começaram a chegar. Hermione lançou um olhar feio para nós, ressentida que Harry tivesse ido contra todas as advertências dela sobre o roubo do baú do Bicho-Papão.

— Não se preocupe com a Mione, tá? — Harry colocou a mão no meu ombro quando percebeu. — Eu te aviso se vir alguma tempestade.

— Obrigada. Estou tão distraída! Ainda mais depois de fazer todas aquelas poções que Snape pediu.

— Ele ao menos te deu... sei lá, pontos extras por isso? — perguntou.

— Não... Ele não me falou nada sobre elas depois que entreguei. Mas ele me trata um pouquinho melhor nas aulas de Oclumência agora, pelo menos.

Após a chegada de todos os participantes, Harry iniciou a aula com o Patrono; primeiro tentamos produzir uma defesa corpórea sozinhos e, em seguida, contra o Bicho-Papão. Precisávamos pensar intensamente numa lembrança feliz para executarmos o feitiço com perfeição. Eu me lembrava de quando ganhei meu terceiro prêmio consecutivo em Poções em Durmstrang e vi meu troféu exposto com outros grandes nomes de bruxos que estudaram lá.

Expecto Patronum! — exclamei. No entanto, os fiozinhos não duraram muito.

Eu me sentira verdadeiramente feliz quando Harry me chamou para a AD, quando recebi as excelentes notas sob o critério rígido de Snape, e também, meus momentos com Malfoy eram verdadeiras preciosidades... Mas, novamente, se aquela felicidade era real ou não, não importava, porque não foi suficiente para produzir um Patrono.

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