Então, adorno não autoriza autoridade

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Draco estava convencido de que a culpa era minha por ter pegado detenção. Nós quase não nos falamos durante o restante da semana, e o pouco que ele falava era a repetição de que eu devia reportar as atitudes de Pansy. Ele começava a me ignorar quando eu dizia que não ia arriscar Dumbledore abrir uma investigação.

No sábado, ele decidiu ficar jogando indiretas maldosas sobre Harry. E, por mais que não citasse meu nome, magoava-me. Nada me deixava mais nervosa do que ficar duas horas presa numa sala com Harry, quando, na verdade, eu tinha marcado de passar uma ótima noite com Draco no banheiro luxuoso da escola. E aquele tratamento não melhorava nada. Ele podia até ser uma vítima da missão que Voldemort lhe dera, mas nada justificava aquele ciúme.

Na noite de sábado, Draco estava do lado de fora da sala comunal, conversando com Blásio.

— Tô indo pra detenção — eu avisei.

— Ok. — Ele continuou olhando para Blásio, que falava alguma coisa sobre quadribol. Eu lhe dei as costas. — Não vai nem se despedir direito? — Draco perguntou. Ele estava com uma sobrancelha arqueada em desafio.

— Ia fazer alguma diferença? — eu disse. — Achei que pediria beijinhos pro Blásio a essa altura.

— Tonks — ele disse com um tom autoritário. Eu segui meu caminho, até ele chegar e parar na minha frente. — Vou ter que passar a noite olhando pras caras feias nessa comunal. O que é que você quer que eu faça se não estou feliz com isso?

— Você realmente vai fingir que não sabe qual o problema na sua atitude? Então, boa noite, Malfoy.

Ele entrou no caminho de novo, mas ficou parado, sem dizer nada, só encarando a minha gravata com os olhos cheios de aflição.

— Que é? — perguntei.

— Você não pediu a detenção. Eu sei disso. Mas... Snape não gosta de ver você andando comigo e Dumbledore deve ter mandado ele colocar você numa detenção com Potter.

— E daí? Não era você que tava convencido de que Snape é fiel a Voldemort?

— Não é o Snape que me importa.

E ele fixou seus olhos em mim para garantir que eu tinha entendido o que queria dizer com isso.

— Eu não tô nem aí pro que eles querem, Malfoy.

— Mas Pott-

— Harry pode dizer o que ele quiser pra mim, isso não muda o que eu sinto por você. Eu nunca ia trair você e os seus segredos assim. Relaxa, tá? Tô tão frustrada que o nosso momento tenha sido arruinado quanto você.

A aflição de seus olhos continuava ali, mas ele assentiu com a cabeça. Deixou um beijo nos meus lábios brevemente e recuou. Eu o puxei de volta pela gravata e então ele me puxou pela cintura.

Seria particularmente horrível ficar longe dele naquela noite.

Ele podia estar inseguro o bastante para querer garantir que eu me lembrasse dele no decorrer da detenção? Porque ele me deu um daqueles beijos que faziam o chão girar tão rápido quanto as asas dos Gira-Giras. Ele subiu as minhas coxas até o seu quadril e me encostou na parede.

Era assustador como ele tomava o controle nesses momentos. Era tão difícil saber se ele não esmagaria meu coração nas próprias mãos. Ele conseguiria, se quisesse.

A ternura e o cuidado estavam sempre presentes nos toques dele, inclusive agora, quando ele roçou seu nariz no meu enquanto os olhos cinza me fitavam. As mãos dele deslizaram pelos meus braços com calma, agarraram os pulsos e os prenderam no alto da parede. Ele nunca tinha feito aquilo antes. Ninguém nunca tinha feito aquilo comigo antes.

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