O cronômetro faz tique-taque

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Naquele manhã, eu era a única restante no quarto das meninas.

A cama de Sheri estava vazia, forrada com apenas um lençol branco, triste e sem graça. Com a partida dela, eu estava ainda mais sozinha em Hogwarts do que antes.

O Profeta Diário não anunciou sua fuga (mais um dos inúmeros fatos que escondiam da população), mas houve uma estranha chuva de pombos numa parcela do caminho de sua transferência de Hogwarts a Azkaban, e eu supus que essa tinha sido a sua solução para fugir dos aurores.

Meus ombros estavam pesados de desânimo quando me dirigi para a saída do quarto. Eu pisara na soleira quando meu peito foi pressionado, desequilibrei e caí sentada no chão.

Assim que reconheci Pansy fechando a porta atrás de si, meu sangue ferveu de raiva e eu já tinha a varinha na mão.

— O que você quer? — perguntei.

Ela cruzou os braços, empinando o queixo pomposamente.

— Quero que você carregue o seu traseiro de santa por cada metro quadrado dessa escola e desfaça os boatos que estão espalhando sobre mim e aquela Maldição Imperius — respondeu.

— O mínimo que você merece é ouvir essas acusações.

— Sinceramente, tenho inveja de quem teve aquela ideia, mas não fui eu, ok? Então, por que a gente não faz um trato? Se desfizer essa merda de fofoca, você vai sofrer menos.

— Vai cantar uma canção de ninar enquanto me mata? — zombei.

— DESFAÇA AS FOFOCAS!

— NÃO! No momento, Pansy, nada me dá mais prazer do que ver você se contorcer de raiva enquanto Sheridan foi expulsa por um crime que você cometeu!

Eu não tinha percebido até então que a varinha dela estava escondida na manga de sua blusa. Meu corpo sofreu um empurrão e minhas costas grudaram na parede. Meus braços foram levantados até as costas das minhas mãos se colarem no vidro da janela, que permitia visão para o Lago esverdeado. Eu estava desarmada. Um cheiro de acidez estava por toda parte.

Ela me encarava tão de perto que percebi, pela primeira vez, que Pansy tinha um pouco de verde nos olhos castanhos.

— Tomei uma decisão, Mendel. Vou dar um jeito em você até o fim do ano letivo.

— Tô tremendo de medo.

A respiração dela batia na minha pele. Seu sorriso era áspero. O suor melecava a minha testa. Sim, eu estava realmente com medo, porque eu não sabia mais se ela possuía limites.

— É por causa dessas coisas que ele detesta você — murmurei.

Seus olhos ficaram apertados ao ouvir isso.

— Ele não me detesta. Só sofreu uma lavagem cerebral.

— Sei... E você não usou a Maldição Imperius na Lun-

Ela usou a mão para segurar meu queixo e me forçar a dar um murro na parede com a cabeça. Seu rosto maldoso se duplicou nas minhas vistas e meu raciocínio deu uma volta inteira na lua.

Eu podia virar uma raposa para me defender, mas era informação demais para alguém como ela saber de mim...

— Sabe o que eu mais gosto daquela noite da festa? Muito mais do que o prazer de você quase ter sumido da minha vida? — ela disse. — Nós dois passamos um momento realmente ótimo, no corredor vazio bem acima da sala do Slughorn.

Eu dei uma risada fraquinha em resposta.

— Você não vai me convencer de que ele pôs as mãos em você, Pansy...

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