Que cansa cordeiro

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Renie e eu puxamos as mochilas da nossa mesa e zarpamos pela porta dos fundos do bar. Ele agarrou minha mão e eu me desvencilhei imediatamente.

— Como você vai desaparatar se não conhece nenhum lugar aqui? — perguntei.

— A gente tem que dar o fora.

— É arriscado, não quero estrunchar. Faz o Feitiço Desilusório e a gente voa pra encontrar um lugar pra armar o acampamento.

Refizemos a camuflagem, na mesma hora que a porta de madeira se escancarou e bateu na parede para dar passagem aos homens. O Feitiço Desilusório tinha uma desvantagem: a luz. Batendo no ângulo certo, ela nos denunciava, e o sol acima de nós estava poderoso...

O Comensal barbudo ergueu a varinha na nossa direção, mas Renie o estuporou com tanta força que o grandalhão bateu na porta de madeira e desembestou para dentro do bar.

Arranquei minha vassoura da minha mochila, quando um lampejo iluminou-a e explodiu-a em meros tecido, papéis, galeões e suco de abóbora. E poções... Todos os meus preciosos vidrinhos de poções estouraram...

Renie e o Comensal emitiram estampidos um contra o outro, mesmo quando puxei meu irmão pela camisa para ele montar atrás de mim. Inclinei o corpo e subi voo o mais rápido possível, e os estampidos cessaram.

— Tudo bem? — eu disse contra o vento que nossos corpos velozes cortavam.

— Suas coisas ficaram. Só deu pra pegar os mapas.

— Mas... Por quê?!

— Eu bebi um litro de cerveja sozinho, tá!

Bufei e sacudi a cabeça.

— Malfoy deve ter dedurado a gente... — ele disse.

— Ele não ia fazer isso.

— Com a quantidade certa de Legilimência, ele não ia ter escolha.

— Não foi ele, tá? Tem outras pessoas que podem ter adivinhado onde a gente ia.

— Pra quem mais você contou?

— Quando você foi preso, eu falei sobre as profecias, no Salão Principal, pra todo mundo. Eu não achei que a gente fosse atrás delas algum dia, então...

Renie suspirou atrás de mim e deixou um silêncio tenso entre nós dois após ouvir isso.

Tinha cabeças folhudas de árvores abaixo de nós, de parques da cidade. Havia famílias inteiras, crianças e idosos se divertindo no verão, então desisti de procurar um lugar para acampar ali dentro. A poucos quilômetros havia montanhas cortadas por um rio, isoladas da sociedade.

Uma pedra côncava de quatro metros de altura estava de costas para a cidade. Abaixo dela, descendo outras rochas, ficava o rio. Com mais um dos feitiços novos, Renie limpou a área dos pedregulhos para montarmos a barraca. Outras pedras de formas curiosas nos cercavam além da vista e olhavam para mim com cara de poucos amigos, como se eu fosse uma intrusa e devesse voltar para o bar de pessoas dançantes como eu.

Eu estava à espera de uma bronca raivosa vinda de Renie, mas, para a minha surpresa, ela nunca veio. Ele estava incomodamente quieto enquanto reerguia o acampamento. Minha inutilidade com a varinha era péssima. Não podíamos enfeitiçar a barraca para que ela bloqueasse o meu rastreador e me permitisse usar magia, como fizemos incontáveis vezes antes, no largo Grimmauld e na mansão dos Malfoy. Se o local não fosse uma moradia fixa, não ia funcionar.

Eu me sentiria menos culpada se, naquele momento, eu não parecesse um corpo totalmente estranho naquela viagem. Disse ao meu irmão que arrumaria o lado de dentro da barraca enquanto ele enfeitiçava a área ao nosso redor com as proteções. Ele não me olhou.

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