A mansão rodou num borrão único ao redor de mim e meus pés bateram num chão firme. Minhas pernas reclamaram do peso e eu tombei, antes de dois braços me ampararem.
A noite soprava uma brisa fria à medida que eu era forçada a andar, passando por plantas, um portão de grades escuras, duas portas altas... A tocha do corredor de Hogwarts sustentava o fogo tremeluzente na parede à minha frente.
Meu corpo estava quente, o chão era real, a respiração aflita ao meu lado era viva...
Ninfadora nunca tinha me olhado tão desesperada quanto nesse momento. Ela segurava meu rosto nas mãos quentes, cobertas pelas luvas que eu tinha roubado várias vezes do guarda-roupa dela. Seu cabelo estava rosa como há muito tempo não ficava, feliz por eu estar bem...
As lágrimas encheram meus olhos e eu a abracei com uma força brutal. Eu só conseguia repetir eu te amo e me desculpe incontáveis vezes no ouvido dela. Puxei-a comigo quando minhas pernas cederam e ficamos ajoelhadas. Os braços dela me apertaram em amor e cuidado.
Em frente às escadas para o primeiro andar estavam Harry, Renie e minha mãe, conversando com rugas intensas de preocupação nos rostos.
Um soluço muito alto escapou da minha garganta. Minha mãe me notou, soltou um berro indiscernível de alívio e desespero e correu na nossa direção, tomando-me num abraço e carícias desesperadas, balbuciando inúmeras preocupações e reclamações...
— Para a enfermaria, você não pode ficar assim... — foi uma das coisas que ela disse, antes de me abraçar de lado para me guiar.
Harry estava em perfeito estado, graças a Merlin... Ele olhava ansioso para mim, a meio passo de se aproximar de nós. Parecia querer dizer alguma coisa, ainda que daquela distância precisasse gritar, mas percebeu a pressa de minha mãe e se conteve.
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Tomei um banho rápido na enfermaria, substituindo o cheiro de sangue e urina pelo do sabonete hospitalar. Mamãe, Ninfadora e Madame Pomfrey ficaram ordenando que eu dormisse, mas com o choro, as perguntas, os exames e as poções que eu devia tomar era difícil relaxar...
Uma vez que me deixaram descansar, descobri meu sono inquieto e ansioso, mas sonhei...
Harry encarava um fogão com rancor.
O verde dos olhos por trás dos óculos estava impetuoso.
Seu cabelo estava a desordem de sempre, dando-me vontade de colocar cada fio no lugar e, ao mesmo tempo, observar em quantas direções diferentes eles podiam apontar ao longo do dia.
Parecia que um monte de pensamentos distintos passavam por sua cabeça. Ele apertava a mandíbula daquele jeito nervoso, como se tentasse conter alguma coisa dentro de si.
Mas o fogão não podia ter feito nada a ele, podia?
Eu não reconhecia a casa em que ele estava. Havia fumaça cinza por toda parte.
Ele respirava como se o ar estivesse normal, no entanto.
Sonhos não faziam muito sentido...
Ele se deslocou para a sala, onde o ar era mais limpo.
Havia mesas, armários, guarda-roupas, criados mudos, cômodas, e Lander andava para lá e para cá abrindo todas elas, procurando alguma coisa.
Harry respirava pesado e o encarava com ainda mais rancor que o fogão.
— Achou?
— Ah... Não... — Lander disse, parando com uma mão na cintura e a outra enrolando seus cachos — Mas ainda tem bastante espaço pra procurar.
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Perversa Magia ✔️
FanficMendel Tonks cresceu na escola de Durmstrang e nutriu imenso afeto pelas Artes das Trevas. Durante seu período escolar, ela sofre um ataque e usa um feitiço perverso para se defender. Após o seu julgamento pelo Ministério, ela é enviada para estudar...