De nenhuma casa deve-se arrebatar um pilar

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Sheridan, perplexa, com o rosto banhado por lágrimas, foi levada pelo bruxo de terno para fora do Salão Principal.

As varinhas dos alunos continuaram a ser testadas, mas nenhuma outra tinha executado a Maldição Imperius, então ficamos livres para arrumar as malas antes de o Expresso partir para as férias de Natal.

A movimentação no comunal sonserino era grande. Havia malões por toda parte e gente que resolveu se despedir ali. Fiquei encarando o Lago Negro por trás da parede de vidro, tentando ignorar todo mundo.

A mera ideia de dar de cara com Pansy em algum canto me enojava.

Theo desceu do dormitório dos meninos e parou ao meu lado com um fraco sorriso de reconforto.

— Draco me contou o que houve ontem — ele disse.

— Como a Pansy pode ter conseguido incriminar a Sheri? — perguntei. — Não é justo, Theo, não é... Tudo por causa de ciúmes... Como alguém pode chegar a um nível desses?

Ele deu de ombros e encarou o Lago.

— Acha que ela pensou nisso desde o começo? Ou só quando Luna não nos tirou da escola que ela pôs a culpa em outra pessoa? — eu disse.

— Alguém ia acabar descobrindo que ela foi enfeitiçada, quer você fosse tirada da escola ontem, quer não, sabe.

— Merlin!

— Talvez fosse uma boa você mudar de quarto, sabe. Essa história já ficou muito séria...

— Como tá o Blásio?

— Fazendo plantão na porta da sala do Dumbledore. Não me surpreenderia se ele tentasse subornar o ministro pra livrá-la.

— Ia funcionar?

— Com a febre de prisões que estão fazendo? Duvido. Sem contar, Mendel... Sheridan é filha de um Comensal, sabe. Tem gente achando bem coerente que ela seja a culpada...

Ele ficou com um olhar abatido, encarando o chão.

— Isso é besteira — eu disse, lembrando as vezes que julguei-os por razões fúteis como essa. — Não tem nada a ver.

Theo deu de ombros em resposta.

— Não dá pra escolher a família, não é? — ele disse.

Senti meu coração se partir ao perceber que seus olhos perderam o brilho.

As conversas cessaram de súbito quando Sheri entrou na sala, cabisbaixa. Evelyn foi ao encontro dela imediatamente e forçou-a a manter a cabeça erguida enquanto caminhavam entre os alunos e subiam para o dormitório. Eu as segui. Depois de verificar que nem Daphne nem Pansy estavam no quarto, contei num atropelo o que tinha acontecido na noite anterior, com Luna enfeitiçada.

— Não fui eu, Mendel... Juro que não foi... — Sheri disse com a voz embargada, fungando e marcando seu rosto com lágrimas tristes, enquanto arrumava suas coisas no malão.

— Eu sei que não foi. Pansy deve ter trocado as varinhas de vocês em algum momento...

— Se você tivesse denunciado ela antes... — Evelyn me disse.

— Será que você pode não se intrometer nisso? — respondi.

— AH, PAREM! — Sheri disse, encarando nós duas e arremessando um sapato em seu malão. Ela errou a mira e derrubou uma lamparina que se estilhaçou no chão. — Já aconteceu, já fui expulsa! Não quero ouvir o choramingo de mais ninguém, tá bom?!

O rosto dela se contraiu ao cair de volta no choro. Eu me aproximei e afaguei seus ombros da mesma maneira que ela havia feito comigo antes da festa de Natal. Pensar naquele quarto sem Sheri era doloroso.

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